A posição do PSDB no governo de Luiz Inácio Lula da Silva será de oposição. A afirmação é do presidente nacional do PSDB, José Aníbal , que esteve reunido no final da manhã com Fernando Henrique Cardoso, no apartamento do presidente da República, no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Ele comentou que o PSDB, apesar de oposição, ?não será um partido do contra, como foi o PT nos últimos oito anos de governo?. Em Belo Horizonte, o ex-coordenador da campanha de José Serra à Presidência, o ex-ministro Pimenta da Veiga, confirmou a frase de Aníbal e acrescentou que o PSDB continuará tendo ?alternativas extraordinárias? no cenário político nacional, ainda que fique na oposição. ?O eleitorado decidiu pela colocação do PSDB na oposição. O partido nasceu na oposição e é uma legenda nova ainda, que já elegeu duas vezes o presidente da República com maioria absoluta?, disse.

A visita de Aníbal ao presidente, em São Paulo, durou aproximadamente uma hora. Depois do encontro, ele disse que a conversa foi sobre os possíveis resultados do dia, uma vez que o PSDB tem seis candidatos disputando governos estaduais no segundo turno e elegeu dois senadores.

Aníbal atribuiu à falta de debates a dificuldade do candidato do partido, José Serra, em reverter a diferença em relação ao petista Luiz Inácio Lula da Silva. Na avaliação de Aníbal, Lula ?tinha mesmo razão de não querer participar de debates? e o único confronto entre os candidatos realizado no segundo turno, pela rede Globo, comprovou isso. ?O Lula não conseguia concluir nenhuma explicação sobre questões cruciais para a economia?, comentou.

Ele negou que o PSDB tenha feito uma campanha pregando o caos econômico no caso de vitória de Lula e disse considerar a campanha de Lula dissimulada. O PSDB, garantiu, apenas esclareceu a população sobre eventuais problemas que o País teria em um governo Lula.  Minas – O ex-ministro Pimenta da Veiga enfatizou em sua entrevista, em Minas, que nesta eleição o PSDB está elegendo alguns dos principais governadores do País. Depois de votar em uma escola no bairro Barro Preto, em Belo Horizonte, o ex-ministro comentou que ?em São Paulo deve ser eleito Geraldo Alckmin e nós elegemos no primeiro turno o governador Aécio Neves aqui em Minas. Isso dá ao partido alternativas extraordinárias, pois irá garantir uma trajetória que pode ser de grande presença?.  Ele também disse que vê em Aécio ?uma liderança firme e que terá um papel decisivo? nos próximos anos.

Ao comentar o clima de cordialidade que marcou os últimos dias de campanha dos dois presidenciáveis, o ex-ministro fez uma crítica velada ao tom adotado pela campanha de Serra. ?Esse clima me agradou muito, minha tônica sempre foi que a campanha não deve ser violenta, ácida, e amarga. Houve cordialidade nesse final e isso é democrático?, declarou.

Pimenta ressaltou que o PSDB participará da governabilidade durante a transição de governo, mas caberá ao PT ditar os novos rumos do País. ?É evidente que o partido cuidará também da governabilidade, pois será o principal partido de oposição. Mas quem irá governar o país é o PT?, avisou.

Pimenta da Veiga justificou ainda o fato de ter abandonado a campanha de José Serra logo no início da corrida do segundo turno. ?Considerei cumprida a minha missão. Tivemos uma campanha muito difícil, com alguns problemas desde o início. Mas mesmo quando muitos não acreditavam, chegamos ao segundo turno.?

Veiga preferiu não comentar críticas à nova coordenação, que não conseguiu reverter a vantagem de Lula. ?Não me compete avaliar e não acompanhei os rumos que foram tomados?, esquivou-se.

PMDB – O líder peemedebista se disse disposto a conversar com Lula assim que for convidado. ?A iniciativa desse contato depende do PT, mas Lula já me avisou, num encontro informal, que quer falar com o PMDB, deixando claro que se referia ao PMDB institucional e não a segmentos do partido que apoiaram sua eleição?, observou o deputado.

Na opinião de Temer, deverá haver ajustamentos no Congresso que certamente facilitarão o entendimento entre governo e oposição. ?Lula não vai se afastar muito do que foi feito nos últimos oito anos?, acredita o presidente do PMDB. A intenção de seu partido, avisa ele, é contribuir com críticas construtivas, pois ?oposição não existe apenas para ser oposição, mas para ajudar a governar?.

Ex-presidente da Câmara Federal, o deputado reeleito paulista enumerou três problemas básicos que, em sua avaliação, Lula terá de enfrentar já nos primeiros meses de administração – aumento do salário mínimo, reivindicações do funcionalismo público e manutenção dos contratos internacionais, um desafio para a política do PT.

?A liderança petista, que antes falava em salário mínimo de 100 dólares (cerca de R$ 380 pelo câmbio da semana passada), começa a contornar a questão, dando a entender que não seria possível chegar a esse valor. Como é que Lula vai trabalhar isso e como vai encarar a reivindicação dos funcionários públicos, que pedem uma reposição de vencimentos na base de 60%??  Quanto ao terceiro problema – os compromissos internacionais Temer prevê que haja pressão, da parte de petistas e de seus aliados, para o rompimento de contratos. ?O PMDB agirá com responsabilidade, pois não vai retomar o discurso do PT em relação a esses e outros itens?, promete o deputado. Embora acredite que o PMDB vá mesmo para a oposição – ?porque o povo nos levou para isso, ao optar pela eleição de Lula? – Temer condiciona a tomada de posição a uma consulta à direção e à base de seu partido.

?Vou ouvir todos e, se houver divergências, tomarei uma decisão democrática, pois resolvemos tudo pelo voto?.

A proposta de formação de um bloco de oposição, que garantiria à aliança PMDB-PSDB uma bancada de 145 deputados federais e 33 senadores, já está sendo articulada. ?Os partidos terão de conversar muito?, disse Temer, prevendo que o PT tomaria a iniciativa logo que fosse confirmada a vitória de Lula.

?Estamos juntos?, assim o presidente do PMDB revelou seus candidatos à eleitora Dirce de Moura Bicho, uma ex-vendedora do Mappin que, embora já tenha 84 anos, fez questão votar para ?apertar as teclas de Serra para presidente e de Alckmin para governador?.  Bem disposta, Dirce elogiou Temer, dizendo que o Brasil precisa de homens como ele ?para governar com honestidade e capacidade?.

Temer deputado gastou sete segundos para votar na 53.ª Seção da 2.ª Zona Eleitoral, no prédio da PUC, em Perdizes. ?Assim mesmo  usando a mão esquerda, pois só não sou canhoto para escrever?, comentou o deputado, ao ser elogiado por um assessor.

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