Apesar de a polícia de São Paulo afirmar, 11 dias depois da morte da menina Isabella, de 5 anos, que ?desvendou 70% do caso? nas palavras da delegada-assistente Renata Pontes, o trio de advogados do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Trotta Jatobá já começa a traçar os primeiros planos para a defesa do pai e da madrasta da menina – presos temporariamente desde quinta-feira e considerados suspeitos pelo crime. Para o advogado Marco Polo Levorin, as provas levantadas são absolutamente vulneráveis.

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?Muita coisa ainda precisa ser investigada, em termos de produção de provas, mas o que temos até agora é muito subjetivo? diz o advogado, que ontem recebeu cópia dos 36 depoimentos tomados até agora pelos investigadores. ?O que existe é juízo de valor, as provas levantadas são absolutamente vulneráveis. Veja que ainda não temos o resultado do exame necroscópico. Onze dias depois, não sabemos a causa da morte. Qual é?

Levorin cita três exemplos do ?juízo de valor? feito pela opinião pública com base em informações supostamente desencontradas da própria polícia. ?Em primeiro lugar, o pai não disse que viu um bandido no prédio. Isso simplesmente não está no depoimento. Se alguém ouviu falar, não é informação concreta. Também foi propagado que o Alexandre não mencionou o sangue no apartamento – e isso o incriminaria. Mas ele falou, sim, no depoimento, que viu sangue no apartamento. Para completar, falaram que o prédio é uma fortaleza, que ninguém entraria lá sem autorização. Mas temos uma testemunha, um corretor, que ingressou no prédio naquele mesmo dia, sem se identificar em momento nenhum. Todas as provas começam a se desfazer como um castelo de cartas.

O advogado também critica a atuação da polícia nos primeiros momentos após o crime. ?Como é que pode ter um crime desses e não periciarem o prédio??, indaga Levorin. ?Olharam a garagem e o hall, mas não vasculharam os apartamentos. Isso é inconcebível. O que queremos é que a polícia amplie a investigação. Temos dois nomes de suspeitos que repassamos para os investigadores. Só não vamos dizer agora quem são para não atrapalhar a apuração. Mas a investigação está longe de terminar.?

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Já os investigadores da polícia – que planejam mais 19 depoimentos para esta semana, de parentes e moradores do prédio onde a menina foi morta – apostam que os exames de DNA nas manchas de sangue encontradas no apartamento e uma acareação entre os suspeitos poderão elucidar as muitas dúvidas do crime. Hoje, o desembargador Caio Canguçu de Almeida, da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, pode conceder habeas-corpus ao casal.