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Foto: José Cruz/Agência Brasil

Luiz Vedoin: de chefe do esquema a principal informante.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas tem hoje provas ?robustas? e ?consistentes? contra 50 parlamentares, que terão seu pedido de cassação sugerido no relatório preliminar que será apresentado na próxima quinta-feira. Contra 25 parlamentares há indícios de participação no esquema, mas ainda é preciso fazer novas diligências. ?Infelizmente é uma minoria que está inocentada neste momento?, disse o sub-relator de sistematização Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Pelo menos 15 dos 90 parlamentares acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias serão poupados. Em um novo depoimento à comissão de inquérito, o empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, um dos sócios da Planam, principal empresa do esquema, reiterou ontem as acusações contra 75 parlamentares e comprometeu-se a entregar, na terça-feira, novas provas contra ?dois ou três? dos congressistas já citados nas investigações da CPMI.

Vedoin e o empresário Ronildo Medeiros, também envolvido com a máfia das ambulâncias, foram submetidos a uma acareação, ontem, pelo relator da CPMI, senador Amir Lando (PMDB-RO), e por Sampaio. Anteontem, Luiz Vedoin prestou depoimento a integrantes da comissão de inquérito, na Polícia Federal. ?Foram esclarecidos pontos duvidosos. Junto com o Vedoin, nós checamos dados de cada um dos 90 parlamentares e as acusações que pesam contra cada um deles?, explicou Sampaio.

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Em pelo menos dois casos, Vedoin lembrou-se de que tinha comprovantes de depósito em conta bancária de assessores de parlamentares. ?São parlamentares que já foram mencionados e estão notificados e ele (Vedoin) lembrou que tinha recibo de depósitos na conta de assessores?, disse Sampaio. Um desses assessores seria Marcelo Cardoso de Carvalho, ex-assessor do líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB).

Com base nas provas apresentadas pelo empresário da Planan, o relatório da CPMI dos Sanguessugas será dividido em três partes de acordo com a gravidade das provas contra cada um dos 90 parlamentares. ?Temos provas exuberantes, provas suficientes e provas ainda claudicantes?, resumiu Amir Lando. Na primeira categoria serão incluídos os 50 parlamentares contra os quais existem provas robustas e consistentes. A CPMI vai pedir a cassação do mandato desses parlamentares à mesa diretora da Câmara e do Senado.

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Na segunda parte do relatório estarão os 25 parlamentares contra os quais existem indícios fortes de envolvimento com a máfia das ambulâncias, mas ainda são necessárias novas investigações. Por último, virão os parlamentares que foram notificados, mas acabaram inocentados por falta de provas e pelo depoimento de Vedoin.

Relator pedirá quebra de sigilo dos envolvidos

Brasília (AE) – O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), informou que pedirá a quebra de sigilo de 90 deputados e de todos os assessores que foram acusados de receberem depósitos em dinheiro dos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin no chamado escândalo das ambulâncias superfaturadas. O pedido será apresentado por Lando no início da próxima semana, durante reunião administrativa da CPMI.

Ele disse que essa é a única forma de coletar dados para a elaboração de um relatório consistente. Conforme os depoimentos dos líderes da máfia, pelo menos 15 deputados envolvidos no esquema teriam recebido a propina na forma de depósitos na própria conta ou na de familiares e parentes.

Cerca de 40 auxiliares de parlamentares teriam sido usados como intermediários. Os Vedoin depositaram o dinheiro destinado aos congressistas sanguessugas nas contas dos assessores. Mais 21 deputados teriam recebido a propina em dinheiro vivo. Eles também terão suas contas vasculhadas.

Com a quebra do sigilo, a CPMI pretende saber se também circulou dinheiro do esquema nessas contas. O relator está convencido de que a investigação bancária, embora tome algum tempo, funcionará como uma espécie de vacina contra pressões dos envolvidos, de um lado, e evitará, de outro, erros que possam provocar eventuais injustiças.