Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Manifestantes entraram em confronto com a polícia.

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Pelo menos uma pessoa ficou ferida no confronto ocorrido entre a Polícia Militar e os cerca de seis mil manifestantes, que participaram na tarde de ontem de uma passeata na Avenida Paulista. O evento combinou as comemorações do Dia Internacional da Mulher e o manifesto contra a visita do presidente norte-americano, George W. Bush, a São Paulo.

Uma jovem teve ferimentos nas pernas que, segundo relato de manifestantes, foram causados por uma das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela PM. A garota foi carregada no meio da multidão pelo ex-deputado Jamil Murad (PCdoB), que entrou junto com ela em um táxi para levá-la ao hospital. Ainda segundo relato de ativistas, o confronto começou quando alguns manifestantes estenderam uma faixa e ocuparam a outra pista da Avenida Paulista, sentido Paraíso. Até então, a manifestação vinha ocorrendo somente no sentido contrário, o da Consolação.

De acordo com informações do capitão da Polícia Militar, George Marques, o conflito começou após alguns ?punks baderneiros? invadirem a pista da Avenida Paulista no sentido Paraíso e deitarem sobre a faixa de pedestres para impedir a passagem do trânsito. Segundo ele, foram feitos diversos pedidos para que eles se retirassem do local, mas não foram atendidos.

O capitão disse ainda que, segundo as informações que lhe foram passadas, este grupo atirou pedras e quebrou vidros de alguns carros, o que obrigou os policiais a utilizarem ?o treinamento? para controlar o problema. Desde o início do protesto, a Polícia Militar tentou conter a passeata em apenas duas faixas da Paulista, mas não conseguiu segurar os manifestantes e acabou liberando todo o trajeto da pista.

?Bush do Iraque, e Lula do Haiti?

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A estimativa apresentada pela Polícia Militar, de cinco a seis mil pessoas, foi superada de longe pela avaliação da organização, que afirma ter reunido algo em torno de 15 mil pessoas. Organizada pela Coordenação de Movimentos Sociais (CMS) e mesclada às comemorações do Dia Internacional da Mulher, a manifestação reuniu as 32 organizações sociais ligadas à CMS, além de partidos políticos e outros grupos.

No local, estavam representantes de órgãos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE), diversas entidades de representação das mulheres, além de partidos como PSTU, PSOL e PT. Na manifestação, Bush foi duramente criticado pela estratégia comercial e política, conduzida em seu governo. Ele foi chamado de ?fascista?, ?terrorista?, ?porco imperialista?, entre outros nomes escritos nos milhares de cartazes empunhados pelos manifestantes.

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Consulado dos EUA no Rio é apedrejado

Rio (AE) – Manifestantes apedrejaram ontem o consulado dos Estados Unidos no Rio, durante um ato contra a visita do presidente George W. Bush ao Brasil. As pedras portuguesas quebraram alguns vidros do prédio, atingido também por tinta vermelha. A PM chegou tarde ao local e os seguranças privados do consulado tiveram que se refugiar dentro do prédio da representação diplomática, enquanto uma chuva de pedras atingia a fachada.

Participaram do protesto aproximadamente 400 militantes do PSOL, do PCB e do PSTU, além de estudantes secundaristas. O ato começou às 13h no Buraco do Lume, tradicional ponto de encontro da esquerda carioca, no centro. Bandeiras dos partidos e do Brasil se misturavam às de Cuba, Venezuela e Palestina.

Entre as numerosas faixas, uma dizia que o presidente Lula ?dá a mão ao diabo?, termo com o qual o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, costuma se referir a Bush, acusado também de assassino. O protesto pedia a retirada das tropas americanas do Iraque e a saída do Exército brasileiro do Haiti, onde lidera uma missão de paz da ONU. O ato terminou por volta das 18h30, na escadaria da Câmara Municipal, na Cinelândia.

No mesmo horário, uma segunda passeata, integrada por militantes do PT, do PCdoB e do MST ocupou metade da pista da Avenida Rio Branco, uma das principais do centro do Rio.

Via Campesina protesta em cidades do RS

Porto Alegre (AE) – Centenas de mulheres ligadas à Via Campesina fizeram manifestações públicas contra a expansão das plantações de eucaliptos e a viagem do presidente norte-americano George Bush ao Brasil, ontem, em diversas cidades do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, um grupo de manifestantes marchou da Usina do Gasômetro até a reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), fazendo alguns desvios no trajeto para poder passar pelo Citibank e pelo Palácio Piratini.

Diante da agência do banco norte-americano, as mulheres se encontraram com estudantes e militantes do PSOL e do PV e queimaram um cartaz com a foto de Bush. Diante da sede do governo gaúcho, fizeram alguns discursos e deixaram um simbólico bolo montado com farpas de eucaliptos para reclamar do incentivo de Yeda Crusius à plantação de árvores exóticas para abastecimento de fábricas de celulose. Depois, o grupo seguiu até a UFRGS e pediu ao reitor José Carlos Hennemann que não assine convênios de pesquisa com a Aracruz Celulose. No final da tarde, as mulheres voltaram para os assentamentos onde vivem, na região central do Estado.

Em PE, boneco e bandeira são queimados

Recife (AE) – Um boneco do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e uma bandeira daquele país foram queimados na tarde de ontem, durante manifestação contra a vinda dele ao Brasil, a alguns metros do consulado norte-americano no Recife.

Impedidos de chegar ao consulado, localizado na Rua Gonçalves Maia, bairro da Boa Vista, por um pelotão de choque da Polícia Militar que bloqueou a passagem, os manifestantes fizeram o protesto na esquina da rua com a Avenida Conde da Boa Vista, próximo a um posto de gasolina. Com cartazes que diziam ?Bush assassino?, ?Bush tire as patas do Iraque? e ?Viva o Iraque?, eles fizeram rápidos discursos e gritaram palavras de ordem como ?Bush fascista, você é o terrorista?.

Cerca de 500 manifestantes participaram do ato, de acordo com cálculo da PM e dos organizadores. Entre outras entidades, integraram o protesto o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Partido Comunista Revolucionário (PCR), PSTU, Central Única dos Trabalhadores (CUT), União dos Estudantes Secundaristas e Central dos Movimentos Populares.

Para o líder estadual do MST Jaime Amorim, ?Bush representa o estigma da guerra?. ?Investidores e o governo norte-americano não são bem-vindos ao Brasil?, pregou, ao falar pela organização.