Propina para sanguessugas era de R$ 250 mil

As escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga indicam que as empresas do esquema de compra de ambulâncias superfaturadas por prefeituras com emendas do orçamento teriam pago a parlamentares propina da ordem de R$ 250 mil. É o que aponta um diálogo entre Darci Vedoin e seu filho, Luiz Antônio Trevisan Vedoin, donos da Planam (principal empresa do esquema), gravado no dia 17 de novembro passado.

Na conversa eles acertam valores a serem supostamente repassados ao deputado Fernando Gonçalves (PTB-RJ). Luiz Antônio comenta que em outra ocasião deram a ele R$ 250 mil e ?não saiu nada?. Portanto, sugere, desta vez é melhor aguardar que Gonçalves faça as emendas primeiro. ?O Fernando, veja bem, aquela vez a gente deu 250 (R$ 250 mil, segundo a PF), não saiu nada?, diz. ?Eu levo uns 20, 30 (mil reais), mas só depois que ele fizer?.

O filho de Vedoin deixa clara sua preocupação em não fazer pagamentos sem garantia para parlamentares. ?Se ele colocar, não na semana que vem, mas na outra a gente vai dar alguma coisa. Não vou dar na semana que vem porque se ele não colocar, a gente vai ter jogado dinheiro fora?, diz Luiz Antônio ao pai. E completa: ?Outra coisa; não vamos dar dinheiro para mais ninguém não. (…) Joga tudo para fevereiro, março (de 2006).?

A conversa é parte de um grupo de quatro, feitas em seqüência na manhã de 17 de novembro. A primeira é um telefonema do próprio Gonçalves a Darci Vedoin. ?Onde você está? Não dá para passar no meu gabinete não??, pergunta. O dono da Planam diz que em dez minutos estará lá. Em seguida, telefona para o filho comunicando que ?Fernando, lá do Rio, ligou? e pergunta se ?tem alguma coisa para ser feita para ele?. Nesse momento, os dois conversam sobre os valores.

Nos diálogos subseqüentes, Vedoin conta que no encontro ficou acertado que o deputado colocará R$ 1,5 milhão em emendas. Ele explica a Luiz Antônio que os valores não serão maiores, como esperavam, porque Gonçalves informou que já tinha se comprometido a reservar recursos para uma obra de saneamento em Nova Iguaçu.

Este e outros grampos já estão sob análise da CPMI dos Sanguessugas. Além dos documentos apreendidos pela PF, a CPMI examina relatório da Corregedoria da Câmara, elaborado por Robson Tuma (PFL-SP).

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