O procurador-geral de Justiça Gianpaolo Poggio Smanio apresentou denúncia à Justiça contra a promotora Cristiane Helena Leão Pariz, acusando-a de ser responsável pelo homicídio qualificado do marido e advogado João Marcelo Bijarta Ferraioli. Ele foi morto com um tiro na cabeça dentro do seu escritório em São Bernardo do Campo, em 11 de maio de 2015. As razões para Cristiane cometer o crime, segundo Smanio, envolvem infidelidade e ameaças.

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A denúncia deverá ser apreciada pelo desembargador José Carlos Gonçalves Xavier de Aquino, que já julgava pedidos desta investigação, e foi oferecida por Smanio no dia 4 de julho. Se for aceita, a denúncia dará início a uma ação penal, com oportunidade para defesa da promotora. O Diário Oficial do Estado de terça-feira, 11, traz a publicação do afastamento dela da 100.ª Promotoria da capital.

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Narra a denúncia do Ministério Público que, “agindo com manifesta intenção homicida e mediante a utilização de recurso que dificultou a defesa do ofendido”, a promotora Cristiane entrou no escritório onde Ferraioli trabalhava, em São Bernardo, e atirou na cabeça do marido, levando-o à morte.

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A investigação apurou que Cristiane e Ferraioli eram casados desde maio de 2014 e “sob o aspecto sexual, mantinham um relacionamento liberal”, que “incluía a frequência a casas de swing e eventos em que ocorriam troca de casais”. Esse aspecto da relação interessou o MP por poder ter motivado o assassinato.

Segundo o procurador-geral de Justiça, a partir de fevereiro de 2015, Ferraioli passou a revelar tendências homossexuais, “que incutiram nele um conflito psicológico, responsável por abalar a harmonia do casal”. “Além disso, a descoberta por João Marcelo de que, sem o seu consentimento, a denunciada havia mantido relações sexuais com outras pessoas, potencializou a crise conjugal já instalada”, escreveu Smanio.

A denúncia detalha que as discussões entre o casal se tornaram frequentes e “não raras vezes das ofensas verbais João Marcelo passava às agressões físicas”, o que levou Cristiane a decidir pelo divórcio no dia 10 de maio de 2015. “Inconformado, João Marcelo passou a ameaçar Cristiane de revelar aos filhos e aos órgãos da administração superior do Ministério Público a vida “liberal” que mantinham, “até mediante a exposição de imagens produzidas durante aqueles eventos”.

Para o MP, no dia 11, durante uma discussão em uma sala do escritório do advogado, Cristiane teria aproveitado o momento em que a vítima se sentou em frente a um computador para matá-lo, temerosa “de que as ameaças realmente pudessem se concretizar, comprometendo sua carreira e a boa imagem perante seus filhos”.

Os investigadores entenderam que ela quis simular suicídio. “Aproveitando-se de que João Marcelo estava de costas para ela e com a atenção voltada para o computador, circunstância que dificultava qualquer possibilidade de defesa do ofendido, Cristiane apoderou-se de um revólver e partiu em direção à vítima para efetuar um disparo letal”, escreveu Smanio. Uma briga corporal antecedeu os disparos. O confronto acabou com o advogado ferido no chão.

O primo da vítima, o advogado Felipe Ballarin Ferraioli, está entre as testemunhas arroladas no processo e disse não ter ficado surpreso com a denúncia. “Já aguardávamos isso e esperamos que a Justiça faça o papel dela”, disse ao Estado.

De acordo com ele, a família não desconfiava da possibilidade de assassinato nos momentos que se seguiram à morte, percepção que foi alterada de acordo com o andamento das investigações. A reportagem não conseguiu contatar a promotora Cristiane nesta quarta-feira à tarde. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.