O promotor de Justiça e professor da Faculdade de Direito de Sorocaba (SP) Jorge Alberto de Oliveira Marum considerou “infeliz” o comentário que ele fez em rede social sobre o caso do estudante morto a tiros pelo pai, na terça-feira, 15, em Goiânia, porque defendia a ocupação de escolas.

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Ao compartilhar notícia sobre o caso no Facebook, Marum postou um comentário em que chamava o estudante de vagabundo. “Não precisava tanto. Era só cortar a mesada do vagabundo e chorar no banho.”

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Na noite desta quarta-feira, 16, procurado pela reportagem, Marum disse que não falou como promotor e pediu desculpas aos familiares que se sentiram ofendidos.

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“Foi um comentário infeliz, feito de improviso, no calor da leitura. Não quis ofender ninguém, apenas expressar que sou contra as invasões de escolas”, declarou Marum. “A educação é um serviço público essencial, assim como a saúde. Existem outras formas de se expressar sem impedir as aulas.”

Ele disse que se expressa no Facebook como cidadão no uso de sua liberdade de expressão, mas já retirou o comentário. “Não era intenção ofender, por isso peço desculpas.”

Repercussão

O presidente da subsecção de Sorocaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Márcio Rogério Dias, disse que manifestações como ocupação de escolas, como forma de reivindicar e marcar posição sobre temas oportunos, são direitos de livre manifestação previstos na Constituição.

“Se a mobilização é feita sem arruaça e baderna, dentro da ordem, é constitucional. Se formos impedir a livre manifestação, vamos acabar com a democracia”, disse Dias. Ele disse não poder julgar o comentário feito pelo promotor de Justiça e professor da Faculdade de Direito de Sorocaba por não conhecer o contexto da frase.

Para o presidente seccional da OAB, participar de movimentos sociais e ocupações não torna a pessoa um criminoso ou vagabundo. “Não sei o contexto em que foi feito o comentário, mas nosso pensamento é de que as ocupações, sem obstruir o direito de outros e sem menosprezo ao trabalho policial, são lícitas. O que não se pode aceitar é depredação e baderna.”

Outro caso

O promotor já havia causado polêmica quando comentou o tema da Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado. O exame pedia que os candidatos escrevessem um texto sobre a violência contra a mulher no Brasil.

À época, ele disse que “mulher nasce uma baranga francesa que não toma banho, não usa sutiã e não se depila” e que “só depois é pervertida pelo capitalismo opressor e se torna mulher”. Sobre este caso, a OAB chegou a lançar uma nota em repúdio à declaração do promotor.