O segundo dia do julgamento de Sandro Dota, o motoboy acusado de estuprar e matar a universitária Bianca Consoli, em 13 de setembro de 2011, recomeçou na manhã desta terça-feira, 17, no Fórum da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, com a apresentação da tese do promotor Nelson Pereira Jr., que afirmou aos jurados que o crime foi premeditado por Dota. “O réu veio aqui e contou uma nova história, depois de dois anos de mentiras. Por que ele fez isso só agora?”, perguntou. “A história que ele conta é absurda. Ele quer trocar os papéis, dizendo que ela provocou a situação que resultou na sua morte”, acrescentou.
Na última segunda-feira, 16, o réu admitiu ter assassinado a cunhada, mas negou tê-la violentado. Para rebater esta afirmação, o promotor mostrou aos jurados o laudo necroscópico do corpo da vítima. “O que de fato interessa é que houve, efetivamente, o estupro”, afirma.
O advogado de defesa, Aryldo de Paula, confirmou o homicídio cometido por Sandro, mas disse aos jurados que o laudo apresentado pela promotoria não comprova a tese de estupro. “Não é porque Sandro matou a Bianca, que e ele também a estuprou”, afirma o defensor. “Para se estuprar alguém é preciso tirar a roupa, e Bianca foi encontrada com a roupa intacta e alinhada”, acrescentou.
Por volta das 17h30, as apresentações do Ministério Público e da defesa se encerraram e o Conselho de Sentença se reuniu para decidir o futuro de Dota.
Depoimento
Na segunda-feira, 16, Sandro Dota foi interrogado pela juíza Fernanda Afonso de Almeida e negou a autoria do estupro. “Eu não violentei a Bianca. Isso está fora de cogitação”, disse o réu. “Nós acabamos brigando e ela morreu. Nada justifica o que fiz”, afirmou.
Segundo o Tribunal de Justiça, o motoboy contou que foi até a casa de Bianca para “tirar satisfação” com ela, por ter batido no enteado dele. “A Bianca sempre me humilhou e isso me fazia ter raiva dela”, disse. No fim do depoimento, Dota se declarou arrependido por ter cometido o homicídio. “Só quero pagar pelo que fiz.”
Caso
No dia 13 de setembro de 2011, a jovem Bianca Consoli foi encontrada morta pela sua mãe, Marta Maria Ribeiro Consoli, na zona leste da capital paulista. A estudante tinha um saco plástico na boca e sinais de agressão pelo corpo. Segundo a perícia, ela foi imobilizada, asfixiada e abusada sexualmente. O suspeito de cometer o crime foi o cunhado Sandro Doto, de 42 anos. Ele está preso preventivamente desde o dia 12 de dezembro de 2011.