Após diversas polêmicas, a Prefeitura de São Paulo apresentou nesta sexta-feira, 19, o início da construção da nova Feirinha da Madrugada, no Brás, região central. O empreendimento, que está em fase de fundação e montagem de estruturas pré-moldadas, será o Centro Popular de Compras e tem previsão de inauguração em agosto de 2020.
O shopping de 182 mil metros quadrados é do Consórcio Circuito das Compras São Paulo S.A., vencedor da concorrência pública por 35 anos, que investirá cerca de R$ 500 milhões no empreendimento.
Promessa de virar um grande centro comercial desde a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), o local foi envolvido em diversas polêmicas por causa de denúncias de cobrança de propina pela fiscalização e pelas irregularidades no comércio local.
A Prefeitura de São Paulo concedeu o terreno para o consórcio em 2015, ainda na gestão de Fernando Haddad (PT). Em 2018, cerca de 2.370 comerciantes foram transferidos para um galpão provisório na região, chamado de “Amarelão”.
“Aqui quem conheceu antes desse início da obra sabia que era um espaço de ilegalidade, de falta de recolhimento de impostos, de muitas vezes presença do crime organizado, então era um jogo de ‘perde-perde'”, disse o prefeito Bruno Covas (PSDB). “Perdiam os trabalhadores que não tinham direitos trabalhistas, perdia a sociedade que não tinham impostos recolhidos, perdiam outros comerciantes que tinha concorrência desleal, enfim, aqui ninguém ganhava com aquela situação.”
O Centro Popular de Compras terá três pavimentos, com capacidade para 4 mil boxes e cerca de 1 mil lojas, que funcionarão diariamente das 2 horas às 22 horas. Além disso, haverá praça de alimentação com mais de 1.200 lugares e banheiros em todos os pavimentos.
O estacionamento terá 315 vagas para ônibus e mais de 2.200 para veículos. Um sistema circular de ônibus irá integrar áreas comerciais da capital, como a Rua 25 de Março, o Bom Retiro e região da Santa Ifigênia.
A segunda parte do projeto contará com salas comerciais, hotel e o restauro de um prédio da antiga rede ferroviária.
“Esse é um sonho antigo da cidade de São Paulo. Eu tenho certeza de que é uma grande conquista para a cidade. Um grande espaço de geração de emprego e renda”, disse Covas.
Segundo Eduardo Badra, presidente do Consórcio Circuito das Compras São Paulo S.A, o aluguel dos boxes para os comerciantes tem custo limitado.
“Ninguém pode cobrar mais do que está no contrato, apenas o aluguel. Não existem luvas, não existe nada, basta que (os comerciantes) estejam na lista entregue à Prefeitura para nós”, explicou Badra. “É apenas o aluguel social, que é o menor da região do Brás, que consta no edital de licitação. Hoje seriam R$ 900, ou seja R$ 300 o metro quadrado. Os boxes são de 3 metros quadrados (R$ 900). No futuro serão de 5 metros quadrados.”
Em relação à contaminação do solo, o presidente do consórcio afirmou que a situação está controlada. “O problema da contaminação do solo já foi resolvido, está sendo resolvido. Cada camada que é retirada, é feita uma análise do terreno que é encaminhada para a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que depois nos dá um termo de eliminação de contaminação”, informou. “A cada 6 meses é feito um novo relatório para emissão do alvará de funcionamento.”
De acordo com Covas, os comerciantes que trabalhavam na antiga Feirinha da Madrugada têm preferências sobre os espaços no Centro Popular de Compras.
“Tem mais vagas disponíveis do que pessoas cadastradas que trabalhavam aqui. Todos aqueles que trabalhavam têm espaço garantindo porque o número (de boxes) é maior do que a lista que a Prefeitura tem de pessoas que trabalhavam nesse espaço”, garantiu o prefeito.
O presidente da Associação dos Comerciantes do local, Manoel Sabino, acredita que os microempreendedores que trabalhavam legalizados no local, cerca de 2370, estejam confiantes na nova estrutura.
“Na verdade eram muitos interesses e não tínhamos no papel uma coisa certa de que teríamos o direito de retornar. Agora a gente vê que o negócio deslanchou. Em agosto de 2020, estamos de volta”, disse Sabino. “Estamos todos ansiosos, mas calmos com a certeza de que iremos voltar para o local.”