Projeto do Porto Olímpico é modificado por consórcio

O projeto vencedor do concurso Porto Olímpico, promovido em 2011 pela prefeitura do Rio e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), foi modificado pelo consórcio construtor. Originalmente, estavam previstas praças abertas para a rua numa área arborizada de 5 mil metros quadrados, que interligaria o conjunto residencial de sete prédios à região portuária. Agora, foi anunciada para o local uma área de lazer restrita aos moradores, projetada como “um grande clube” privativo com “espaços diferenciados”.

Cobrado nesta segunda-feira, 10, por arquitetos e urbanistas em debate na sede do IAB sobre os estudos da prefeitura para o centro, o presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Washington Fajardo, reconheceu que o “espírito inicial do projeto foi perdido”. “A inovação que a prefeitura quer é que se tenha uma nova qualidade urbanística na região do Porto. Não se quer um modelo de condomínio fechado. Vamos verificar o que aconteceu e o que pode ser feito”, declarou.

Os 1.333 apartamentos do condomínio serão entregues em janeiro de 2017. Durante a Olimpíada de 2016, o local abrigará vilas de mídia e de árbitros. “Mantivemos o conceito do projeto, mas tivemos de adaptá-lo à realidade do mercado”, disse o diretor de Incorporação do grupo Porto 2016, Eduardo Cruz. O grupo é formado pelas empresas Odebrecht, OAS, Carioca e REX, do empresário Eike Batista.

De acordo com o presidente do IAB, Sérgio Magalhães, a mudança empobrece o conceito original de espaço semipúblico, que ele apontou como uma das grandes virtudes do projeto vencedor e de outros concorrentes. “A ênfase nesse tipo de conformação urbanística e arquitetônica mostra que é uma contribuição importante para melhorar a cidade. Sai um conceito inovador em benefício do convencional e ultrapassado. Houve um empobrecimento”, disse. Segundo Magalhães, condomínios fechados não deveriam ser o modelo para a região central. “Isso é para áreas de expansão, que têm medo da cidade.” Além da imposição de mudanças por incorporadoras, ele também questionou a preferência a projetos corporativos na revitalização da zona portuária – o chamado Porto Vida é o primeiro residencial.

Minipraia

De acordo com o material de divulgação do conjunto de sete prédios, as praças foram substituídas por “extensas áreas de convivência, lazer e esportes, projetadas como um grande clube, preservando a individualidade dos moradores”. “Salões de festas, piscina semiolímpica, minipraia, saunas, quadras poliesportivas, áreas contemplativas e de repouso, academia, espaço infantil, gourmet, salão de estudos e jogos são alguns dos espaços diferenciados do novo residencial.”

As alturas variadas dos prédios foram mantidas – eles terão de 18 a 35 andares. O gerente de Incorporação do Porto 2016, Marcos Pires, afirmou que a eliminação das praças foi a única mudança significativa. “Precisamos projetar áreas de lazer, é uma demanda do mercado. A diferença agora é que as praças foram interiorizadas.” Conforme Pires, outra área de uso misto com 4 mil metros quadrados será mantida. Estão previstas 33 lojas no térreo do condomínio. “A ideia da integração vai se concretizar com a lojas”, argumentou.

Funcionários públicos municipais terão prioridade na compra de pelo menos mil dos apartamentos, com financiamento especial. Os apartamentos terão entre 66,8 metros quadrados (dois quartos) e 89m² (três), todos com varanda, suíte e garagem. De acordo com a Porto 2016, custarão a partir de R$ 420 mil. “É o preço de mercado”, disse Cruz.

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