Um ano após criar a calçada verde para pedestres na Avenida Liberdade, no centro de São Paulo, a Prefeitura implementou uma faixa do gênero na Vila Madalena, zona oeste. A gestão pintou um trecho de 40 metros, na semana passada, na Rua Medeiros de Albuquerque, próximo do Beco do Batman.

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A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que a ampliação do projeto, nascido de forma experimental na Liberdade, ocorre após a aprovação e a autorização do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). As próximas ruas passíveis de receber a faixa são a Líbero Badaró e a 7 de Abril, na região central, onde o fluxo de passantes na calçada é grande e força os pedestres a disputar espaço na ciclovia.

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Segundo o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, qualquer cidadão poderá agora solicitar a implementação da calçada verde. Foi o que ocorreu na Rua Medeiros de Albuquerque. “Fica mais fácil de pintar quando é uma via onde os moradores já concordam, onde não há conflito. Mas qualquer um pode sugerir trechos em qualquer via.”

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Na calçada verde pioneira da Avenida Liberdade, um ano depois da criação os pedestres encontram obstáculos para trafegar: um buraco de aproximadamente 1 metro de diâmetro, vários pontos de alagamento e arbustos volumosos que, da calçada, obstruem a passagem.

Mas universitários, moradores e trabalhadores avaliam que, mesmo com risco de atropelamento, a criação da faixa foi positiva. A estudante de Direito da FMU Milena Prado, de 19 anos, recorre à calçada extra quando o passeio fica congestionado de pedestres. “É um pouco perigosa, mas prefiro usar porque fica ruim de andar na calçada normal quando acumula muita gente”, diz.

Para o ambulante Eduardo Rodrigues, de 31 anos, que comercializa lanches na porta das universidades da avenida, a faixa verde ajudou nas vendas. “Acho que foi feita para nós, ambulantes e pedestres, termos mais espaço. Porque agora podemos caminhar com mais tranquilidade. Principalmente à noite, quando a calçada fica tomada de gente e as pessoas mal conseguem andar.”

Medo

Elisângela Queiroz, de 30 anos, trabalha como gerente de uma lanchonete na frente da calçada verde da zona sul. Em um ano de projeto-piloto, ela nunca pisou na faixa. “Quem é doido de andar aí e ser atropelado? Muito difícil. Ninguém tem coragem. É raro ver gente caminhando aí”, diz.

Segurança de um centro comercial, Vanderson Donato Ferreira, de 31 anos, também relata desconfiança. “O ônibus anda em alta velocidade. Se um carro perde o controle, atropela facilmente o pedestre. Não confio.”

Procurada, a Prefeitura diz que não houve nenhum registro de acidentes de trânsito com pedestres nos 12 meses. O secretário Tatto admitiu, porém, que a drenagem da água é ruim no local e sinalizou que o ideal é a elevação definitiva do trecho estendido. “O próximo passo será cimentar para fazer calçadão, nos moldes da Avenida Paulista”, afirma. Ainda não há projetos em andamento para elevar a via extra de pedestres, mas a CET confirmou que essa será a próxima etapa.

Segundo o segurança Ferreira, a faixa ainda virou “passarela” para assaltantes, que têm feito uso da via para roubar celulares dos pedestres da calçada tradicional. “Acontece direto. O ladrão passa de bicicleta, pega o celular e vai embora”, diz.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as Polícias Civil e Militar estão atentas à criminalidade na região. “Este ano, o 1.º DP, que cuida da área, registrou 14 ocorrências, que estão sendo investigadas. A Polícia Civil esclarece que organiza operações especializadas em crimes contra o patrimônio. Já a Polícia Militar realiza policiamento preventivo (com agentes em motocicletas) e policiamento comunitário.” A SSP ressalta que as ações já resultaram na prisão de 445 pessoas em flagrante nos seis primeiros meses do ano – só na área do 1.º DP.

Vila Madalena

Ajudante-geral de um estabelecimento comercial, Lúcia Moura, de 55 anos, elogiou o trecho de calçada verde criado na Rua Medeiros de Albuquerque, próximo do Beco do Batman. A via já é bloqueada para veículos nos fins de semana, quando ocorrem eventos de rua à tarde. “Agora, fica mais fácil para caminhar e para colocar mais mesas e barraquinhas nessas festas.”

A faixa verde pode ser vista pela janela da casa da aposentada Maria Vergílio, de 68 anos. Mas ela é totalmente contra e se sentiu prejudicada pela iniciativa. “Está na frente da minha casa e deu um espaço a mais para que as pessoas encham a rua nos fins de semana. Não fui consultada para saber se queria que fizessem isso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.