A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia do Senado aprovou nesta terça-feira (1) projeto de lei que tipifica crimes cometidos via internet e prevê a possibilidade de prisão preventiva ou temporária para estrangeiros que cometerem esse tipo de crime, de modo que eles possam ser submetidos à extradição para seus países de origem.

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Como foi aprovado por uma CPI, o projeto tem tramitação especial, indo diretamente para o plenário, sem passar por nenhuma outra comissão técnica. Em caso de emendas no plenário, o projeto volta para nova avaliação da CPI.

O presidente da CPI, Magno Malta (PR-ES), e o relator, Demóstenes Torres (DEM-GO), tiveram encontro com o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), para pedir urgência na votação do projeto no Plenário, bem como solicitar que ele faça idêntico pedido ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), quando da tramitação do projeto na Câmara.

O projeto de lei reproduz a chamada "difusão vermelha", que a Polícia Criminal Internacional (Interpol) disponibiliza em seu site para as polícias associadas, com informações sobre pedidos de prisão em todo o mundo que, quando realizadas, são comunicadas aos países interessados e, daí, leva aos pedidos de extradição. A lei brasileira, atualmente, não prevê esse tipo de informação nem de prisão preventiva de estrangeiros, o que facilita, em muitos casos, a fuga dos criminosos.

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A proposta legislativa da CPI da Pedofilia faz alterações na Lei 6.815, de 1980, o Estatuto do Estrangeiro, prevendo, em caso de urgência, a decretação da prisão preventiva ou temporária. De imediato, a prisão seria comunicada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Ministério da Justiça, para que o fato seja informado ao país de origem do preso, para que as autoridades desse país decidam se fazem o pedido de extradição.

"Somente a aprovação desse projeto justifica a existência da CPI da Pedofilia", afirmou o relator Demóstenes Torres. Magno Malta considerou que, se o projeto for aprovado com celeridade, "a repressão aos pedófilos começará a ser feita com rigor, atingindo aqueles que vêm ao Brasil com objetivos vis."

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Na sessão desta terça (1) da CPI da Pedofilia do Senado foram aprovados vários requerimentos de convite para que autoridades na área da internet ? seja na Polícia Federal, seja nos Ministérios Públicos Federal e Estadual ? compareçam à comissão para falar sobre  suas experiências na área de combate à pedofilia.

Uma parte da sessão foi fechada, para que os membros da CPI ouvissem os delegados Carlos Sobral e Felipe Seixas e os peritos Élvio Pereira e Leonardo Bueno, todos da Polícia Federal, sobre detalhes da Operação Carrossel, realizada no ano passado, cumprindo mandados de busca e apreensão para reprimir a prática de pedofilia na rede mundial de computadores.

Demóstenes Torres disse que um dos objetivos do projeto de lei vai suprir uma deficiência: "Como o uso da internet, mesmo para a prática de crimes de pedofilia, não é tipificado como crime, os policiais federais da Operação Carrossel agora estão obrigados a devolver aos seus donos cerca de 5 mil documentos apreendidos na operação, ao contrário de países europeus, onde essa prática já é tipificada como crime e onde os seus autores são presos e respondem por seus crimes".