Os camelôs que trabalham no entorno da Feirinha da Madrugada, na região do Brás, no centro de São Paulo, e que participaram de mais um protesto hoje, relataram como é o dia a dia de um camelô, e disseram que não só eles sairão no prejuízo com a proibição das barracas pela Prefeitura, mas também os comerciantes envolvidos no processo de fabricação das roupas vendidas.

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A ambulante Isabel dos Santos, de 52 anos, trabalha desde junho deste ano na região. Além de sua barraca, possuí, ainda, uma loja na Brasilândia. Ela relatou como fabrica as peças de vestuário que comercializa.”Para fazer meus produtos, eu compro os panos em uma loja, mando para o cortador, o estampador e a costureira. Eu não podendo mais vender, todas essas pessoas também perderão dinheiro”. Ela afirmou que fez estoque de produtos para as vendas de Natal e acabou se endividando, “agora não sei o que vou fazer”.

Outro camelô, José Almino de Araujo, de 33 anos, morador de Guarulhos, na Grande São Paulo, há cinco anos no Brás, reclamou que, segundo ele, as pessoas veem o ambulante como “vagabundo”. “Eu venho para cá por volta de uma hora da manhã, seis dias por semana. Trabalho até as 6 horas, passo frio, tomo chuva, e então desmonto tudo. Vou, em seguida, comprar pano, levar a roupa na costureira, enfim, me preparar para o dia seguinte. Não é uma vida fácil”, afirmou.

O boliviano Felipe Celso Amachi, de 41 anos, mora há 21 anos no Brasil e é ambulante há nove anos, disse ter sofrido preconceito, no passado, por ser estrangeiro. “As pessoas me viam e falavam, ‘é boliviano, tá tirando emprego da gente’, e queriam tomar o lugar onde ficava a minha barraca. Mas eu brigava porque é o sustento da minha família”. Ele afirmou ter começado seu negócio com R$ 30, junto com sua mulher. “Vendia uma peça e com o dinheiro fabricava duas, e assim fui crescendo. Hoje sustento cinco pessoas com isso”, contou.

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