Pesquisadoras brasileiras criaram um método capaz de identificar adolescentes com risco de desenvolver transtornos de humor. O trabalho, divulgado na revista PLoS One, utiliza imagens do cérebro obtidas por ressonância magnética funcional para prever a probabilidade de que um jovem desenvolva doenças psiquiátricas com até 75% de acerto.
Com o prognóstico seria possível pensar formas de atenuar, remediar ou, até mesmo, evitar o aparecimento do transtorno, aponta Letícia de Oliveira, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela realizou a pesquisa durante seu pós-doutorado no King’s College, em Londres. Hoje, realiza o mesmo tipo de pesquisa no País, inclusive com outros tipos de doenças neurológicas e psiquiátricas. “É realmente um trabalho pioneiro”, aponta Janaína Mourão Miranda, do University College London (UCL). Janaína trabalhou com Letícia no King’s College. Hoje, está montando uma equipe para pesquisar o tema com dinheiro da Fundação Wellcome Trust.
Trabalhos anteriores já tinham utilizado neuroimagens para diagnosticar doenças. Mas, até agora, nenhum tinha comprovado a conveniência da técnica para realizar prognósticos. As imagens utilizadas no estudo foram colhidas há cerca de quatro anos, nos Estados Unidos, e enviadas à Inglaterra para o estudo. À época, eram todos adolescentes saudáveis, que tiveram suas imagens cerebrais coletadas enquanto visualizavam faces com conteúdo emocional – como medo, felicidade ou apatia.
Os pesquisadores tiveram acesso à evolução clínica dos voluntários que participaram da pesquisa. “Por isso, percebemos que, quanto maior era o grau de certeza da resposta do programa que analisava as imagens, maior era a chance dessas pessoas terem desenvolvido, na vida real, transtornos psiquiátricos”, aponta Janaína. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.