O Programa Quelônios da Amazônia, que promove proteção e reprodução de três espécies de tartaruga na região, deve atingir neste ano a marca de 80 milhões de filhotes nascidos desde que a iniciativa teve início, em 1979.

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O projeto, coordenado pelo Ibama, monitora 50 mil fêmeas em oito Estados brasileiros (Amapá, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Pará, Tocantins, Rondônia e Roraima) e vem apresentando uma escalada no nascimento de filhotes. Só da tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa) nasceram no ano passado 3,5 milhões de filhotes, quase o dobro do ano anterior.

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Três Estados alcançaram seus melhores resultados históricos: Amazonas, com 1,3 milhão de filhotes; Pará, com 1,1 milhão; e Amapá, com 150 mil.

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O resultado de 2017 só perde para o de 2015, quando foi registrado o nascimento de 4 milhões de filhotes. O programa trabalha também na conservação de tracajás (Podocnemis unifilis) e pitiús (Podocnemis sextuberculata).

O programa surgiu num período em que havia um declínio populacional por causa do alto consumo e também por tráfico das espécies. Mas apesar do sucesso na reprodução das espécies, as ameaças ainda existem, explica Roberto Lacava, analista ambiental do Ibama e coordenador do programa. E há perdas regionais bastante acentuadas.

É o caso de uma população do Rio Trombetas, no Pará, que na década de 1980 tinha mais de 7 mil indivíduos e hoje são somente 600, em especial por impacto da mineração e dos grandes navios que circulam no rio para o transporte dos minérios.

De acordo com Lacava, outro risco importante hoje vem de obras de infraestrutura. “Essas espécies fazem grandes migrações no período reprodutivo. A tartaruga-da-amazônia, por exemplo, circula mais de 800 km. E barragens de hidrelétricas podem impedir essa migração”, explica. “É uma grande preocupação e a gente vem acompanhando o que pode ocorrer”, diz.

Ele cita como exemplo o tabuleiro do Embaubau, que fica perto da hidrelétrica de Belo Monte. Também há grandes populações de tartaruga no Rio Madeira, perto das hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio. “No Amapá um estudo científico registrou o impacto de uma usina sobre as populações de tracajá”, conta.

Lacava afirma que também ainda ocorrem problemas de consumo excessivo e de tráfico, como no Rio Branco, em Roraima. “Nosso plano é recuperar essas populações, mas não trabalhamos com a ideia de proibir o consumo pelas comunidades locais. A ideia é conciliar isso com a conservação. Onde temos mais sucesso é onde tem parceria com essas comunidades.”