O professores da rede pública estadual de ensino da Bahia decidiram, em assembleia hoje, manter a greve que completa cem dias amanhã.
Um documento com novas propostas foi enviado ao Ministério Público, na tentativa de se chegar a um acordo com o governo do Estado.
A categoria, que pedia reajuste de 22,22%, propõe agora que o governo conceda aumento de 14,26% este ano. O acréscimo pode ser dividido em duas parcelas, de 7,26% e 7%.
Além disso, os professores pedem que sejam mantidos os 6,5% de reajuste dados desde o início do ano aos servidores do Estado.
Outras reivindicações são a recontratação de professores demitidos ao longo da greve e o pagamento dos salários e benefícios suspensos.
Em contrapartida, os docentes prometem cumprir o calendário de reposição para garantir os 200 dias letivos previstos em lei.
“Esperamos o retorno do Ministério Público às negociações e que seja aberto o diálogo entre o governo e o sindicato”, disse a vice-coordenadora do sindicato, Marilene Betros.
As novas exigências dos professores são uma contraposta ao reajuste oferecido pelo governo (7% em novembro deste ano e 7% em março de 2013).
Na esfera judicial, a batalha dos professores acontece em duas frentes de batalha. A primeira delas é contra a decisão da desembargadora Daisy Lago Coelho, que considerou a greve ilegal e exigiu o retorno dos docentes às salas de aula.
Foi estipulada multa diária de R$ 10 mil, caso o sindicato descumpra a decisão. Merilene afirma que os advogados da APLB (Associação dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia) recorreram da medida.
Outro foco de tensão é o acampamento de professores no salão principal da Assembleia Legislativa do Estado, onde estão desde o dia 11 de abril. O presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (PDT-BA), recorreu à Justiça para pedir a reintegração de posse.
“Não temos mais como mantê-los. O custo é alto com ar-condicionado ligado 24 horas e temos uma greve que se tornou política”, disse o Nilo.
Por meio de sua assessoria de comunicação, o Tribunal de Justiça da Bahia informou que o desembargador Ruy Brito decidiu que, antes de uma decisão final, um membro do poder Judiciário irá ao local para avaliar a situação da Assembleia.
Em nota, a Secretaria de Educação informa que a greve dos professores atualmente está concentrada apenas em Salvador. Das 1.411 escolas na Bahia, 1.132 estão em funcionamento, número que representa 80% das unidades de ensino.
Mais de 780 mil estudantes voltaram às salas, segundo o governo.
“Não existe hipótese de anulação do ano letivo. Algumas escolas sequer pararam suas atividades e em outras a paralisação ocorreu por um curto período de tempo. Todas estas já se encontram cumprindo o calendário de reposição de aulas e outras, inclusive, já fizeram a reposição durante o recesso junino”, afirma, em nota, o secretário estadual da Educação Osvaldo Barreto.
Para as escolas em greve, a orientação é que se utilize os sábados deste ano e o mês de janeiro de 2013, e, se necessário, o mês de fevereiro para fazer a reposição.
Na sexta-feira, os professores farão nova assembleia.