Professores, funcionários e estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) “vestiram” luto nesta terça, 24, o câmpus da universidade no Maracanã, na zona norte da capital fluminense. O objetivo foi protestar contra a crise financeira que atinge a instituição e ainda não permitiu o início do ano letivo. Sem dinheiro suficiente para se sustentar há mais de um ano, a Uerj tem uma dívida de pelo menos R$ 360 milhões e sofre com a falta de verbas para pagar em dia salários, bolsas estudantis e serviços básicos, como manutenção e limpeza, além de fornecedores e terceirizados.

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O ato, chamado de “Uerj de luto na luta”, reuniu professores, alunos e funcionários da administração da universidade. Os manifestantes estenderam na fachada e nos andares da faculdade faixas pretas e cartazes, com dizeres como: “Educação é direito e cidadania. Uerj viva”. Também fincaram cruzes na entrada da faculdade, para simular a “morte” da instituição, e escreveram “SOS Uerj” na quadra esportiva da universidade.

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A Uerj já teve o início do ano letivo de 2017 adiado por duas vezes. A previsão mais recente é que as aulas finalmente comecem em 30 de janeiro. Na convocação da manifestação, o grupo alegou que o protesto também era “em defesa do ensino público e do desenvolvimento das atividades de pesquisa, extensão e cultura”.

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“Lutamos contra o fechamento da Uerj, considerada uma das mais importantes universidades do País, que conta com mais de 40 mil alunos de graduação e pós-graduação, grupos de pesquisa do mais alto nível científico e uma rede de unidades espalhadas pelo estado do Rio de Janeiro, incluindo o Hospital Universitário Pedro Ernesto e a Policlínica Piquet Carneiro”, afirmaram os organizadores do protesto.

Estado

O governo do Rio divulgou nota em que reconhece que em 2016 repassou à Uerj R$ 767,4 milhões, sendo R$ 189,2 milhões para custeio e R$ 578,2 milhões para pagar pessoal – 24% menos do que o orçado -, o que atribui à crise do Estado.

“A dotação orçamentária da Universidade (incluindo pessoal e custeio) foi de R$ 1,1 bilhão em 2016, o que significa que 76% do orçamento total da Uerj foram efetivamente repassados. Os repasses não ocorreram na sua totalidade devido à crise nas finanças estaduais, provocada pela significativa queda na receita de tributos em consequência da depressão econômica do País, o recuo na arrecadação de royalties e a redução dos investimentos da Petrobrás”, argumentou o Estado no texto.

Na nota, o governo reconhece que estão pendentes o “pagamento R$ 176,4 milhões em pessoal da Uerj, que representam 16% do orçamento total da universidade, relativos ao décimo terceiro salário e ao salário de dezembro” e o “pagamento R$ 84,7 milhões, que representam apenas 7,1% do orçamento total Uerj”. A nota afirma ainda que os docentes “têm sido valorizados pelo governo estadual”, citando aumentos salariais concedidos últimos anos.

“Desde o início de 2010, houve aumentos de salários para os professores da instituição que variaram entre 43,7%, no caso dos professores adjuntos, a 73,3%, para professores associados. O número de bolsas pagas a alunos de graduação subiu de 2.004, em 2007, para mais de 8.500 na atualidade”, afirma o texto.