Um grupo de quase 250 professoras da Universidade de São Paulo (USP) criou uma rede de combate à violência sexual e ao machismo na instituição. A ideia é também ajudar no acolhimento às vítimas de abuso em todas as faculdades.
A rede, exclusivamente formada por mulheres, começou neste mês e, na quinta-feira, 23, o grupo fez o primeiro encontro na Faculdade de Medicina. Além de ajudar as vítimas, elas vão fazer campanhas de conscientização e discutir mudanças nos códigos de ética e nos processos de apuração dos casos.
“Um dos problemas é o corporativismo”, afirma Heloísa Buarque, uma das criadoras da iniciativa e professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). “Algumas das unidades abafaram os casos e não quiseram apurar. Isso não está funcionando”, acrescenta.
O grupo, que ganhou o nome de ‘Quem Cala Consente’ também reivindica mais ações da reitoria contra os abusos sexuais. “Ainda não estão dando o devido valor a essa questão. Está sendo tratado como um problema secundário, mas não é”, defende Heloísa. A rede já tem outra reunião marcada para 27 de maio, na Faculdade de Saúde Pública da USP.
A reitoria não comentou o projeto. No fim do ano passado, a administração da universidade reforçou a atuação da Comissão de Direitos Humanos da USP. O órgão tem o papel de supervisionar a apuração das queixas de abusos e centralizar o registro de ocorrências.