Acusado de ter matado uma pessoa e ferido outra por causa do barulho de uma casa de vizinhos, o professor João Tadeu Arruda, de 62 anos, se apresentou nesta sexta-feira na delegacia de General Salgado (SP), onde o crime aconteceu, na madrugada de 1º de abril. Arruda confirmou que foi autor dos tiros que mataram o cortador de cana Raimundo Patrício Ferreira, de 32 anos, e feriram o colega deste, Adriano dos Santos Costa, de 19. Porém, em depoimento, o professor disse que não teve intenção de matar e que precisou atirar para se defender de um grupo de 15 a 20 cortadores de cana que ameaçava invadir sua casa, depois que ele (Arruda) discutiu com uma vizinha de fundos, também cortadora de cana.

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“Essa discussão ocorreu porque a mulher discutia, em alto som, com outro homem e ele disse ter ido lá para pedir que parassem com a briga, pois era tarde (23h30) e ele precisava dormir”, contou o delegado Eugênio Dias do Vale, que colheu o depoimento do professor nesta sexta-feira. “Ocorre que essa mulher, depois de xingamentos, ligou para um grupo de outros cortadores de cana que estava em um bar próximo e o grupo foi até a casa do professor tirar satisfação”, comentou o delegado.

Segundo Vale, depoimentos de testemunhas que estavam no grupo confirmam a versão de que os cortadores tentaram invadir a casa do professor, mas foram repelidos depois que ele apareceu na frente da residência com uma carabina. “Mesmo assim, pessoas do grupo ainda o provocaram, pedindo para que ele atirasse”, contou o delegado. “Ele contou que ficou com medo e que atirou para se defender do grupo”, completou Vale. Apesar disso, o professor foi indiciado por homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado, mas não teve a prisão temporária ou preventiva decretada, segundo o delegado, porque não há motivos para tal procedimento. “Ele é primário, tem residência fixa e prometeu comparecer às audiências”, contou.

De acordo com o delegado, após atirar, o professor contou que fugiu com um carro porque estava armado de um revólver – a carabina, calibre 22, foi deixada na casa. “Ainda tentaram revirar o carro, mas como estava armado com o revólver conseguiu fugir”, disse. Mesmo assim, o grupo invadiu e depredou a casa e ateou fogo em outro carro do professor. Segundo o delegado, o advogado de defesa ficou de apresentar nos próximos dias o revólver usado na fuga.

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O professor João Tadeu Arruda foi quem descobriu, em 2005, os primeiros fósseis do crocodilo-tatu, uma espécie única que viveu há 90 milhões de anos. O animal, que levou seu nome, Armadilloususchus arrudai, tinha cerca de dois metros de comprimento e pesava 120 quilos. Ele tinha uma carapaça semelhante a de um tatu.