O resultado da produção industrial de abril, que caiu 0,1% ante março (em termos dessazonalizados), reforçou o otimismo da corrente de mercado que espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) corte a Selic, a taxa de juros básica, em 0,5 ponto porcentual na reunião que termina hoje. Com isso, ela iria de 12,5 para 12%. "O resultado sinaliza que a recuperação da atividade ainda acontece de forma moderada", disse o economista-chefe da Votorantim Asset Management.
Na comparação com abril do ano passado, a produção industrial cresceu 6%, mas tanto num critério como no outro o resultado ficou aquém da média das expectativas de mercado. Em levantamento da Agência Estado realizado na sexta-feira com 60 instituições, 44 projetaram um corte de 0,5 ponto na Selic; 16 apostam em 0,25.
O diretor executivo do Modal Asset Management, Alexandre Pavan Póvoa, está entre os que prevêem um corte de 0,5, mas considera que "essa será uma das reuniões mais difíceis dos últimos tempos". Ele nota que, desde outubro de 2006, a inflação acumulada em 12 meses está em torno de 3%, bem abaixo da meta de 4,5% do Conselho Monetário Nacional (CMN). E, além disso, a valorização do câmbio dá ao Banco Central mais segurança sobre o bom comportamento da inflação.
Póvoa reconhece, porém, que os dados da atividade econômica, mesmo levando em consideração a produção industrial de abril, não ajudam na decisão de cortar 0,5 ponto. Ainda repercutem no mercado números como a alta de 11,5% nas vendas do varejo em março, ou, como nota o economista-chefe do ABN Amro para a América Latina, Alexandre Schwartsman, a ocupação da capacidade industrial de 82,6% em abril em termos dessazonalizados, o nível mais alto da série da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). A maioria do mercado aposta que a decisão de hoje do Copom não será unânime.
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