Belém – Procuradores do Pará querem a anulação do julgamento da vidente Valentina de Andrade, acusada de ser a mentora intelectual das mortes e castrações de crianças em Altamira, absolvida em dezembro do ano passado. A subprocuradora-geral da República e procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Maria Eliane Menezes de Farias, e o procurador de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Pedro Montenegro, estão convencidos da quebra da incomunicabilidade do júri.

Os dois estiveram ontem com a presidente do Tribunal de Justiça do Pará, desembargadora Maria de Nazareth Brabo de Souza e com o procurador-geral de Justiça, Francisco Barbosa, a quem levaram sua posição. Os sete jurados, segundo os procuradores, fizeram mais de 300 ligações telefônicas, assistiram televisão e alguns deixaram o hotel onde deveriam ter ficado incomunicáveis durante os 17 dias do julgamento.

Maria Eliane e Pedro Montenegro disseram que a absolvição de Valentina poderá “acarretar sanções internacionais para o Brasil”. Na reunião da Comissão Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos, órgão da Organização Estados Americanos (OEA), o secretário brasileiro de Direitos Humanos, Nilmário Miranda foi cobrado sobre a apuração da quebra da incomunicabilidade do júri e sobre a possibilidade de irregularidades durante o julgamento. A reunião foi em Washington nos dias 1.º e 2.

“O Brasil está sendo cobrado a investigar e dar solução ao caso”, explicou Montenegro. Maria Eliane enfatizou haver uma expectativa da comissão de que o Tribunal de Justiça do Pará realmente faça justiça. “Este fato extrapolou os limites do Estado do Pará e a cobrança nacional e internacional, questionando a absolvição de Valentina de Andrade, é muito grande.”

Tanto o Ministério Público quanto a assistência de acusação já solicitaram ao TJ-PA a anulação da sentença e a novo julgamento da vidente. Os advogados de Valentina afirmam não haver nenhum motivo para a anulação, prometendo ir até o Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a absolvição.

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