O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, pediu ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de 15 inquéritos para apurar suspeitas de envolvimento de congressistas com compras fraudulentas de ambulâncias reveladas pela Operação Sanguessuga. Souza disse que as investigações deverão tramitar em segredo de Justiça. Segundo assessores do MP, o procurador identificou a existência de indícios de participação de 15 parlamentares no esquema que envolve crimes como corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
A assessoria do procurador informou ainda que ele poderá pedir a abertura de novos inquéritos contra outros congressistas se surgirem indícios de envolvimento com as irregularidades. A estratégia de Souza, de propor 15 inquéritos em vez de apenas um foi tomada porque teoricamente não há relação entre os atos investigados. A Operação Sanguessuga foi desencadeada no início de maio por investigações feitas pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso. De acordo com informações da procuradoria e da Polícia Federal, havia uma organização com base em Cuiabá, que desde 2001 participava de manobras para fraudar compras de ambulâncias.
Os parlamentares entravam no esquema, segundo as investigações, aprovando emendas para a aquisição dos veículos. No dia da Operação Sanguessuga, foram presas 46 pessoas. Elas conseguiram obter liberdade mediante habeas corpus, mas tiveram de voltar para a cadeia no dia seguinte, por ordem da presidente do Supremo, Ellen Gracie Northfleet. As buscas e apreensões realizadas pela Polícia Federal na Planam, empresa que capitaneava a fraude, geraram indícios consistentes de pagamento de propina a parlamentares e ex-parlamentares que, somadas, chegam a, pelo menos, R$ 1,5 milhão.
A PF apreendeu documentos e arquivos com todos os controles de pagamentos, entre eles o livro-caixa da organização, nos computadores da Planam, a principal fornecedora de ambulâncias. No livro-caixa eletrônico da empresa constam repasses aos seguintes deputados: Lino Rossi (PP-MT), Pedro Henry (PP-MT), Benedito Dias (PP-AP), Iris Simões (PTB-PR), Nilton Capixaba (PTB-RO), Paulo Baltazar (PSB-RJ), Teté Bezerra (PMDB-MT), Paulo Feijó (PSDB-RJ), Cabo Júlio (PMDB-MG) e o terceiro secretário da Mesa da Câmara, João Caldas (PL-AL), entre outros. No caso de Nilton Capixaba (PTB-RO), há mais de 20 repasses registrados, que somam cerca de R$ 440 mil.
