Brasília – O procurador do Ministério Público Federal Rômulo Moreira Conrado afirmou nesta terça-feira (10) que existem indícios de que a empresa FS3 tenha sido criada apenas para fornecer o software Advantage Plus para a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
"Tudo indica, é possível que [FS3] tenha sido constituída para isso [vender o software para a Infraero]", afirmou Conrado, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo no Senado.
Segundo o procurador, as investigações apontam que Fernando Brendália e Mariangela Russo, funcionários da Infraero, responsáveis pela contratação da empresa, sempre tiveram a "intenção de contratar a FS3".
Também em depoimento na CPI, o auditor da Infraero, Fernando Silva, disse que uma auditoria realizada pela própria empresa em julho de 2005, quando da renovação do contrato da FS3, contatou irregularidades no documento. Uma das irregularidades, de acordo com o auditor, é que a empresa foi formalmente constituída durante o processo de contratação.
As informações sobre a FS3 dadas hoje por Rômulo Conrado e Fernando Silva, confirmam as declarações feitas pela empresária paranaense Sílvia Pfeiffer na CPI no dia 21 de junho.
Para o relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), grande parte das suspeitas de corrupção foi confirmada com os depoimentos desta terça-feira. Torres disse que havia uma gang dentro da Infraero.
"O senhor Fernando Brendalia, a senhora Mariangela Russo, Márcia Chaves e mais alguns outros delinqüentes, que, inclusive, se encontram trabalhando na Infraero até hoje, essas pessoas foram rebaixadas de posto, mas inda estão lá, e acabaram fraudando o erário em milhões de reais", afirmou o senador.
Ele informou que a CPI vai pedir a quebra de sigilo e o indiciamento de cerca de 15 funcionários da Infraero suspeitos de envolvimento nas irregularidades. "Não há dúvida de que o sigilo tem que ser quebrado, o inciamento tem que ser feito, tem que haver o processo".
Demóstenes Torres disse ainda esperar que "as autoridades da Infraero, que têm juízo, e do governo já tomem as providências iniciais para ir limpando a Infraero desse verdadeiro antro que se alojou lá e que ainda quarda seus tentáculos".
Agora à tarde, a empresária Silvia Pfeiffer deve voltar a depor na CPI. Os senadores pretendem retomar o depoimento da empresária, que teve de ser interrompido no dia 21 de junho, porque ela passou mal.