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Primeira brasileira vacinada diz que não teve efeitos colaterais

A enfermeira Monica Aparecida Calazans, 54, primeira pessoa vacinada no Brasil contra a Covid-19, afirmou que não sentiu nenhum sintoma adverso ou efeito colateral após tomar a Coronavac. Não teve febre nem dor no braço vacinado.

Ela foi imunizada neste domingo (17), por volta de 15h30, e ficou sabendo que receberia a primeira dose três horas antes, quando fazia plantão no Instituto Emílio Ribas.

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“A diretoria [do hospital] recebeu uma ligação afirmando que eu iria tomar a primeira dose [da vacina contra Covid-19] no Brasil. Não sabia que estava na lista [do governo]. Só tive tempo de alinhar as ideias, avisar uma colega de plantão e ir ao local do evento”, disse a profissional da saúde.

Por volta das 13h30, acrescentou, ela já estava no HC (Hospital das Clínicas) da USP, onde, cerca de duas horas depois, entrou para história ao ser a primeira pessoa no Brasil a ser imunizada contra o novo coronavírus. A aplicação foi acompanhada pessoalmente pelo governador João Doria (PSDB).

Em decorrência da repercussão sobre a primeira dose aplicada no país, incluindo destaque na imprensa internacional, Monica afirmou que foram criadas cerca de 300 contas falsas, como se fossem dela, no Twitter. “Mas já estou resolvendo este problema com eles [da rede social]”, disse. Uma dessas publicações falsas diz que a enfermeira passou o fim de ano na praia em meio a aglomerações.

Nascida e criada na região de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, Monica se mudou há cerca de sete anos para Itaquera, também na zona leste, onde mora com o único filho, de 30 anos.

Nesta segunda-feira (18), ela concedeu entrevistas o dia todo e, por isso, não conseguiu trabalhar, diferentemente de domingo, quando, após ser vacinada, retornou para seu plantão.

Formada em enfermagem desde 2011, Monica é do grupo de risco da Covid-19, pois é obesa, hipertensa e diabética. Isso, porém, não a impediu de trabalhar na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Instituto Emílio Ribas antes mesmo da decretação da quarentena, em março, e onde continua atuando.

“Antes mesmo do início [da quarentena] já trabalhava me protegendo com máscara, luva, mantendo a limpeza. Dentro do Emílio Ribas o que não falta é EPI [Equipamento de Proteção Individual]. É mais fácil eu me preocupar [com infecção pela Covid-19] na rua do que dentro do hospital”, afirmou.

Ela diz isso se referindo às pessoas que insistem em se aglomerar em baladas clandestinas e em bares. “Isso é lamentável. A pessoa que se aglomera faz isso porque não teve casos [do novo coronavírus] na família. Quando ela vê uma pessoa próxima no leito, por causa do vírus, suplicando por oxigênio, aí não aglomera mais. Algumas pessoas precisam sentir na pele a dor para ter consciência”, desabafou.

Desde o fim das festas de fim de ano, a enfermeira notou aumento nos casos relacionados ao novo coronavírus. Ela acrescentou que, desde dezembro, houve crescimento no número de atendimentos a jovens entre 20 e 24 anos na unidade onde trabalha.

O irmão de Monica, um auxiliar de enfermagem de 44 anos, passou 20 dias internado por causa do coronavírus, sendo o único caso entre familiares. “Mas morreram oito pessoas conhecidas minhas. Foram duas da igreja e seis do ambiente de trabalho”, complementou.

Perguntada sobre o que pensou quando a vacina lhe foi aplicada, afirmou: “Pensei, ‘estamos salvando vidas’. Pena que perdemos muitas. Este é o momento, o pontapé inicial para resolver isso [pandemia].”

Ela tem esperanças de que até o Natal deste ano as coisas melhorem, possibilitando que as pessoas possam celebrar juntas, sem medo de contágio. “Minha expectativa é a de que as coisas vão melhorar. Se todo o Brasil se vacinar, teremos um Natal diferente de 2020, com amigo secreto, na casa dos parentes, com abraço. Se Deus ajudar, pode acontecer antes, vamos torcer. Torço muito para isso.”

O Brasil registrou 518 mortes pela Covid-19 e 26.400 casos da doença, entre este sábado e domingo. Com isso, o país chegou a 209.868 óbitos e a 8.483.105 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia.

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