A cantora Preta Gil foi alvo de comentários racistas em seu perfil no Facebook na noite de segunda-feira, 25. Nesta terça-feira, 26, ela foi à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) para denunciar o caso.
Entre as ofensas postadas, há frases como “pensei que macaca vivia apenas no zoológico ou na floresta”, “volta pra jaula sua macaca, vou pegar meu xicote sua preta (sic)” e “seu talento é igual sua beleza: 0”.
Nesta terça, antes de ir à Polícia Civil, Preta postou em seu perfil no Facebook um texto em que comenta o episódio: “Me chamo Preta Maria Gadelha Gil Moreira de Godoy, tenho 42 anos, sou casada, mãe de um homem de 21 anos e avó de uma boneca de 8 meses, sou filha da mistura. (…) Desde muito nova convivi com o preconceito de quem não aceitava ver filho de negro em uma escola particular, de quem não consegue aceitar que uma pessoa pode se chamar Preta. (…) Ontem fui atacada com diversas mensagens de ódio em minha página no Facebook; uns atacaram minha cor, meu trabalho, meu corpo, outros tentando fazer piadas de péssimo gosto apenas para tentar me diminuir ou magoar. Eles assinaram todos os posts com uma hashtag, agiram em bando, são organizados e cruéis. Saibam que esse tipo de ataque só me fortalece, eu conheço o meu valor!!! (…) São covardes, são pessoas vis, não sei quem são”.
Na sequência, Preta comenta sua decisão de denunciar o caso à polícia: “Será que eu deveria não dar atenção ou querer me preocupar com isso? Não! Vou me defender em meu nome e de quem mais se sentiu ultrajado com essa verdadeira doença social. Essa epidemia de desamor e ódio que se alastra e atinge a todos. Estou cansada dessa impunidade, dessa onda de ódio, de gente que escreve o que quer para atacar a quem está quieto. Quero justiça! Ilude-se quem acha que existem diferentes raças. Somos todos um só, queiram ou não queiram. Todos morreremos igual, não adianta nada atacar a opção sexual, o partido, o credo ou o time de futebol.”
Ao sair da DRCI, à tarde, Preta lamentou o episódio: “Eu convivo com os ‘haters’, mas nunca houve algo tão grave e nunca foi organizado com um monte de uma vez só. Vim aqui prestar a denúncia, e eles vão ser investigados. A delegada disse que hoje é possível achar essas pessoas. A maioria parece ser jovem e adolescente, e isso me deixa mais preocupada e triste porque a gente vê a violência instaurada hoje no mundo e como as redes sociais podem ser usadas de uma forma tão equivocada pelas pessoas”.
A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado e que os responsáveis, se identificados, poderão ser indiciados por injúria racial, cuja pena varia de um a três anos de prisão.