Manaus – O município de Lábrea, no sudoeste do Amazonas, está em nono lugar na lista dos que mais desmataram a floresta amazônica entre agosto de 2003 e agosto de 2004, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). ?O grande problema lá é pressão do agronegócio, que vem principalmente de Rondônia?, explicou ontem Henrique Pereira dos Santos, gerente-executivo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas. Apesar de ter diminuído em 39% sua área total desmatada, desmatou 87% a mais que no período anterior: a área desflorestada foi de 175 km2 para 328 km2.
Para Henrique, a pressão econômica é o principal fator de destruição da floresta. ?Eu até me arrisco a dizer, em uma análise bem pessoal, que a febre aftosa contribui para diminuir o desmatamento no Amazonas. Sem poder vender carne, ninguém vai derrubar a floresta para criar gado. Antes nosso guardião era o mosquito da malaria, agora pode ser o vírus da febre aftosa?, ironizou. Em 2004, foi identificado um foco de febre aftosa no município do Careiro da Várzea, no Amazonas, o que gerou uma barreira sanitária no estado.
Outro exemplo citado pelo gerente-executivo do Ibama para ilustrar o conflito de modelos de desenvolvimento entre o agro-negócio e o uso sustentável da floresta é o da Reserva Biológica (Rebio) Campos Amazônicos, no sul de Manicoré sul do Amazonas, fronteira com o Mato Grosso. ?Não estamos conseguindo criar essa unidade de conservação, por pressão dos produtores de soja. Em 2001, quando fizemos o estudo para propor a Rebio, excluímos do projeto as áreas que estavam ocupadas por fazendeiros desde 1997. Mas hoje 23 novos empreendimentos de produção de grãos já foram instalados na estrada do Estânio, dentro da área pretendida?, lamentou Henrique.
Em 2004, foram lavrados no Amazonas 790 autos de infração (o equivalente a mais de R$ 80 milhões de reais em multas). Número inferior apenas ao de Rondônia (1.587 multas), Mato Grosso (1.470 multas) e Pará (1.395 multas) – estados que, juntos, são responsáveis por 89,6% de toda a área desmatada na Amazônia.