Presos por vender drogas pelo Orkut

Custódio Coimbra / AG

Rapazes detidos ontem pela polícia são acusados de tráfico de entorpecentes, entre eles, o ecstasy.

Rio de Janeiro – A polícia desarticulou uma quadrilha que vendia drogas, principalmente ecstasy, pela internet, utilizando a página de relacionamentos Orkut. A operação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) de Niterói foi deflagrada na madrugada de ontem no Rio de Janeiro, em Niterói e na Região dos Lagos. Foram cumpridos dez dos 14 mandados de prisão para jovens de classe média alta, a maioria de Niterói. Os jovens vão responder pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Se forem condenados, podem ficar presos por até 15 anos.

Uma equipe da DRE foi para a Rua Belisário Augusto, na zona sul, em Niterói. O suspeito de fazer parte da quadrilha de traficantes não estava em casa. Tiago Tauil, de 23 anos, chegou às 7h da manhã, e foi preso na rua, quando voltava de uma festa. Tiago é apontado pela polícia como um dos principais distribuidores de ecstasy em Niterói, na zona sul do Rio e na Região dos Lagos.

As investigações também revelaram que ele seria sócio de Amon Lemos, outro grande fornecedor da droga, que é fabricada em laboratório. Acusado de ser um dos cabeças da quadrilha, foi preso na tarde de quarta-feira em Búzios. Amon Lemos é irmão da apresentadora de TV Lívia Lemos, que já foi namorada de Ronaldinho.

Uma outra equipe seguiu para um prédio na Rua Lopes Trovão, em Icaraí, casa de um dos acusados, que é advogado, Bruno Marine, de 25 anos. Na casa de Giovane Arnoni Castro, de 22 anos, os policiais encontraram uma pistola e uma pequena quantidade de skank. Na casa de Gerson Castanheira Júnior, de 26 anos, foram apreendidos três quilos de maconha.

A quadrilha, formada por jovens de classe média alta, era investigada há dois meses e teve a prisão temporária por 30 dias decretada pela Justiça. A polícia fez escutas telefônicas e descobriu que o grupo vendia drogas em festas, boates e também pela internet.

Tráfico e apologia de drogas crescem na rede

Rio de Janeiro – O sucesso do site de relacionamentos Orkut, criado em fevereiro de 2004, não atrai apenas quem procura amigos. Diversas comunidades fazem apologia ao tráfico e ao uso de drogas. Há até leilões virtuais em que o preço, de ecstasy, por exemplo, é abertamente discutido. Links levam usuários para sites estrangeiros que enviam drogas para qualquer lugar do Brasil pelo correio. Conversas sobre novos entorpecentes, informações sobre remédios que podem ter efeito alucinógeno e fórmulas caseiras, como o chá de fitas cassete, são trocadas pelos internautas da página.

Nome falso

Com um registro no site de relacionamentos, que pode ser feito com nomes falsos ou apelidos, qualquer um pode ter acesso a várias comunidades com nome de drogas. A ?Ecstasy-BR?, por exemplo, tem 5.424 participantes. Nela, usuários oferecem comprimidos do entorpecente a R$ 30, cada. A negociação também pode ser feita por e-mail.

?Tenho bala (ecstasy) e LP (lança-perfume). Se quiser negociamos?, disse, por e-mail, um dos participantes de comunidades de drogas.

Em mensagem anônima, uma pessoa contou que a Polícia Federal rastreou uma compra de drogas:

?Eu dei uma de mané tentando comprar bala por esta comunidade. Um cara me mandou uma mensagem, vi as fotos das balas e tomei um enquadro de policiais federais, que me levaram R$ 2 mil?.

Investigações

Segundo Paulo Quintiliano, chefe do setor de perícia e informática do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, investigações em andamento rastreiam traficantes na internet: ?Os traficantes do espaço cibernético vendem desta forma ostensiva porque imaginam que estão gozando de um anonimato. Eles sentem o sabor da impunidade, mas isto é ilusório. Ele fica impune até que a polícia siga suas pegadas?.

De consumidores a vendedores, universitários são os preferidos

São Paulo – Jovens de classe média e alta em São Paulo estão deixando de ser consumidores para se transformar em vendedores de drogas ou ?mulas? de traficantes. Alguns são ?mulas? internacionais, como bolivianos, angolanos ou sul-africanos que se prestam a esse serviço no transporte de maconha ou cocaína entre Europa e América Latina. Por ser filho de Pelé, Edson Cholbi do Nascimento, o Edinho, surge como uma espécie de ?ícone? deste novo grupo de pessoas arregimentado pelo tráfico de drogas em São Paulo.

O passo para entrar no crime é, para a maioria, a venda do ecstasy, o comprimido alucinógeno criado para competir com drogas tradicionais, como cocaína e maconha – drogas cuja distribuição é feita por pessoas atraídas em favelas ou bairros pobres. O novo grupo do tráfico conquista consumidores e vendedores no mesmo local, onde os mais ricos compram e consomem as drogas.

Só no primeiro semestre deste ano a polícia paulista apreendeu 16 mil pastilhas de ecstasy, 60% a mais do que em todo o ano passado. Foram 10 mil comprimidos da droga em 2004, segundo balanço do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), em 2004.

A surpresa está na seqüência de prisão de universitários de classe média na condição de traficantes. De janeiro a junho foram presas 160 pessoas com nível universitário. A maioria tem até 25 anos e distribui o entorpecente em festas e danceterias da capital. Em média, praticamente um jovem foi preso por dia vendendo ecstasy.

Nesta semana a policia surpreendeu dois universitários negociando a pastilha com traficantes da Baixada Santista. A escuta telefônica foi autorizada pela Justiça. Um deles estava no terceiro ano de Engenharia Química e o outro, já formado, trabalhava numa escola. Os dois traziam a droga da Holanda e revendiam em São Paulo. Em uma das viagens, teriam trazido cerca de 5 mil comprimidos de ecstasy.

A venda é feita em raves e danceterias e o Denarc já criou até mesmo uma operação batizada de ?Dancing? para caçar os traficantes.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo