Rio – A Polícia Federal e a Polícia Militar fizeram ontem, no Rio de Janeiro, a maior operação da história das corporações contra policiais envolvidos com o tráfico de drogas. 75 homens – 40 deles do mesmo quartel -foram presos sob as acusações de tráfico, venda de armas e munições, seqüestro e extorsão. Os PMs chegaram a usar carro blindado nas ações criminosas. Para prendê-los, foram mobilizados 380 agentes federais e 330 PMs.

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A investigação teve início em janeiro, quando a PF passou a apurar a participação de angolanos refugiados da guerra civil, que vivem no complexo de favelas da Maré, na zona norte, no treinamento de traficantes em técnicas de guerrilha. Segundo as investigações, um grupo de angolanos foi recrutado para reforçar o tráfico na favela do Muquiço, onde passa o córrego Tingüi, que batizou a operação. Acuado pela presença dos angolanos, o chefe do tráfico do Muquiço, Bruno da Silva Lourenço, o Coronel, pediu ajuda a policiais para expulsá-los. ?A invasão dos angolanos durou três dias. Depois da expulsão, ficou aberto canal em que os PMs podiam obter facilidades?, comentou um delegado federal.

Revenda

A partir de então, os policiais passaram a revender no Muquiço, drogas e armas apreendidas com quadrilhas rivais. Os PMs não agiam em conjunto. Formaram-se subgrupos que se especializaram também em extorsão e seqüestro de traficantes, pelos quais cobravam resgate. Nas gravações obtidas pela PF, os PMs cobram propina para não patrulhar a favela (o ?arrego?).

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