Presos especialistas em fraudar declarações de IR

São Paulo (AE) – Uma quadrilha especializada em fraudar declarações de Imposto de Renda de pessoa física em São Paulo e Santo André foi desmantelada ontem de manhã por cerca de 50 servidores da Receita Federal e Polícia Federal. A operação, chamada de Sansão, também conta com o apoio do Ministério Público Federal. Acredita-se que 20 mil contribuições têm indícios de fraude, com autuações que podem chegar a R$ 100 milhões. É uma das maiores operações do tipo já realizada pela Receita.

Pelo menos 30 computadores, além de disquetes e documentos, foram apreendidos somente no escritório em São Paulo, localizado no bairro do Ipiranga. No ato da diligência, 42 digitadores trabalhavam no local. O escritório, que era comandado por Sérgio Ricardo de Carvalho, de 43 anos, não possuía CNPJ. Os outros dois escritórios em Santo André, da mesma família, também eram chefiados por autônomos.

A maioria dos clientes dos escritórios era de montadores da região do ABC paulista. De acordo com a Receita, o grupo oferecia seus serviços onde havia aglomerados de pessoas. Também fazia uso de mala-direta. Entre os documentos apreendidos, foram encontrados diversos recibos médicos assinados e em branco. Conforme a Receita, o escritório também criava dependentes e pensões alimentícias para aumentar a restituição do declarante, além de recibos de instituições de ensino. "Era uma fábrica de fraudes", disse Paulo Jackson, superintendente adjunto da Receita em São Paulo.

Carvalho afirmou que, diariamente, eram feitas cerca de 30 declarações. Além deste trabalho, ele também atuava no segmento de contabilidade. Carvalho afirmou que estava no local há quatro meses, mas há dois no ramo. A Receita informou que o contrato de aluguel do prédio tinha prazo de seis meses, o que indica uma possível mudança de local para despistar qualquer investigação.

As contribuições com indícios de fraudes são desde 2003. A investigação teve início há dois meses pelo setor de inteligência da Receita, que cruzou dados para identificar as fraudes. O escritório foi um primeiro alvo por apresentar uma grande quantia de declarações, identificadas pelos endereços dos computadores – cada máquina tem um registro, chamado IP, o que possibilita a identificação.

Os contribuintes serão autuados e poderão recorrer. Eles também estarão sujeitos a indiciamento criminal pela PF e MPF. A investigação averigua crime contra ordem tributária, sonegação fiscal e formação de quadrilha.

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