A Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Ministério Público do Mato Grosso do Sul e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram hoje 14 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão contra empresários de Mato Grosso e servidores públicos do Mato Grosso do Sul. Segundo a PRF, foi estimado que em pouco mais de um ano, a organização criminosa tenha movimentado mais de R$ 10 milhões com o desmatamento na Amazônia. Pelo menos 650 caminhões e carretas teriam utilizado o esquema fraudulento, somando mais de 32 mil metros cúbicos de madeira beneficiada.
As prisões aconteceram durante o cumprimento da Operação Cupim, com o objetivo de desbaratar uma quadrilha que desmatava ilegalmente a floresta Amazônica, falsificava documentos, sonegava impostos, além de corromper servidores públicos e lavagem de dinheiro. Também foram apreendidos computadores, notas fiscais adulteradas, carimbos, cofres, armas e munições. A operação nasceu da investigação do Gaeco de Mato Grosso do Sul e da fiscalização da Polícia Rodoviária Federal nas BR-262 e 163. O esquema contava com a conivência de técnicos de fiscalização financeira da Secretaria de Administração e de agentes tributários da Secretaria de Fazenda do Mato Grosso do Sul.
Os servidores acobertavam o transporte e comercialização de madeiras nobres e ameaçadas de extinção, como Peroba e Castanheira. Também está sendo investigado o corte de árvores em área de proteção e reservas indígenas. Os primeiros levantamentos mostram que a fraude ocorria desde abril de 2008. Empresários de Sinop e Marcelândia (MT) eram responsáveis pela extração irregular de madeira. Caminhões e carretas assumiam o transporte dos produtos florestais, que quase sempre eram misturados a madeira de pouco valor e de livre comércio, para não levantar suspeitas.
A prova de especialização do grupo estava no esquema de sonegação tributária. Uma mesma nota fiscal era emitida para até cinco carregamentos simultâneos, que utilizavam o Mato Grosso do Sul como corredor para chegar aos mercados de São Paulo e Paraná. Se um dos veículos fosse fiscalizado, imediatamente os demais eram avisados e orientados a interromper a viagem, até que a nota fiscal que eles portavam fosse substituída.