Ruy Castanheira de Souza, advogado e contador preso pela Polícia Federal na Operação Águas Profundas sob acusação de movimentar o dinheiro desviado por esquemas de fraude na Petrobras e em ONGs, tem contatos e trajetória marcados pela política. Além de ter ocupado cargos públicos, na campanha de 2006 ele doou R$ 14.460 à deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Foram três contribuições – duas em 2 de agosto (R$ 5.660 e R$ 3.300) e uma em 19 de setembro (R$ 5.500) – que equivaleram a 9 62% dos R$ 150.310 oficialmente arrecadados pela parlamentar na disputa política do ano passado. Solange argumentou que as doações foram legais. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou ontem que outro deputado, Carlos Santana (PT-RJ), recebeu R$ 50 mil de Castanheira. Santana nega conhecê-lo.
?Foi uma surpresa (a prisão de Castanheira)?, comentou Solange, ex-prefeita de Rio Bonito, no interior fluminense, cujo nome foi envolvido na chamada máfia das sanguessugas – o esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras, com auxílio de emendas parlamentares ao Orçamento. Ligada ao casal Garotinho, a parlamentar também é um dos 31 eleitos em 2006 no Rio cuja eleição é contestada pelo Ministério Público Eleitoral.
Na formação do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB), Fernando Stérea – também preso na Operação Águas Profundas – telefonou para Wagner Victer, escolhido presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos, a fim de tentar indicar Castanheira para diretor financeiro. O diálogo foi flagrado pela PF, em escuta telefônica feita com autorização judicial, em 14 de novembro de 2006.
