Ariquemes, RO (AE) – O ex-senador Ernandes Amorim (PRTB-RO) foi preso ontem, pela Polícia Federal (PF), na Operação Mamoré, em Ariquemes, a 195 quilômetros de Porto Velho. Amorim é acusado de chefiar uma quadrilha envolvida em desvio de dinheiro público, formação de empresas fantasmas para ganhar licitações, grilagem de terra e exploração ilegal de minério. Também foram presos mais 20 acusados, entre eles, um irmão dele, Osmar Santos Amorim.
Agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão às 4 horas na casa de Ernandes Amorim, onde recolheram documentos, arquivos de computador e uma espingarda estrangeira de calibre 12. A prisão dele aconteceu às 7h30. Ernandes Amorim aparentava tranqüilidade, mesmo quando foi colocado, algemado, num ônibus alugado pela polícia.
Os agentes também apreenderam documentos na casa da prefeita Daniela Amorim (PTB), filha do ex-senador do PRTB de Rondônia. Candidata à reeleição, pela manhã, Daniela foi até as rádios da cidade dizer que não havia sido presa. Mais tarde, culpou o candidato a prefeito de Ariquemes Confucio Aires Moura (PMDB), da coligação Muda Ariquemes (PMDB-PT), principal adversário dela na disputa eleitoral, pelos boatos. O candidato a vice-prefeito na chapa de Moura é do PT.
Segundo o coordenador da Operação Mamoré, delegado Mauro Sposito, de 54 anos, a PF identificou diversos bandos agindo no Estado. “Ernandes Amorim é, supostamente, o cabeça de um desses grupos organizados. Esta é a primeira das organizações investigadas nesta operação. O que apareceu até agora é somente a ponta do iceberg”, detalhou.
Sposito disse que levantamentos preliminares revelam que o grupo teria desviado cerca de R$ 18 milhões em três anos. “Passamos um ano investigando os passos desse grupo. Tivemos de parar esse trabalho durante algum tempo devido à morte de 29 garimpeiros na reserva dos índios cintas-largas, mas agora temos 200 policiais federais trabalhando na Operação Mamoré”, afirmou. Ele acrescentou que não foi encontrado nenhum documento relacionando a prefeita de Ariquemes às acusações atribuídas a Ernandes Amorim. “Em relação aos cofres públicos, a ação da quadrilha deu-se quando Amorim foi prefeito de Ariquemes”, revelou Sposito. Isso foi entre 1997 e 2000.
Sigilo
A detenção temporária de Amorim e de mais 20 denunciados foi determinada na sexta-feira (30), na capital rondoniense, pelo juiz substituto da 2.ª Vara Federal da cidade, João Carlos Cabrelon de Oliveira, que ordenou a “manutenção do sigilo em relação a pessoas estranhas à causa”. Na quarta-feira, um policial foi a uma empresa de turismo de Porto Velho e, dizendo ser pastor evangélico, alugou um ônibus, pagando em dinheiro. Ele disse que precisava levar fiéis até Ariquemes.
Assim que o motorista saiu com o veículo da empresa, o agente da PF pediu “emprestado” o telefone celular dele. Em seguida, identificou-se, mandou que o ônibus fosse levado até a Superintendência da PF e disse que ficaria com o telefone até que o trabalho terminasse. O nome da empresa de turismo estampado no ônibus foi coberto com jornal.