A Policia de Goiás prendeu em flagrante a técnica de enfermagem Avanilda Nunes da Silva, de 31 anos, sob acusação de furto de vacinas contra a febre amarela. A prisão, feita pela delegada Renata Chein, do Grupo Anti-Seqüestro (GAS), ocorreu no momento em que Avanilda, que trabalhava num posto de saúde, e o marido dela, Itair Nogueira da Silva, de 36 anos, também preso, entregavam as vacinas, vendidas por dez reais cada dose a uma empresa de Goiânia.
"Foram presos no momento em que entregavam as vacinas furtadas", disse Renata, que descobriu o caso a partir de uma denúncia da Secretaria de Saúde do Estado. "Ainda não tinha visto algo semelhante, estou perplexa", surpreendeu-se. "Eles aproveitaram-se de um momento de comoção para aferir lucros.
De acordo com dados da polícia baseados em depoimento da técnica de enfermagem, cerca de cem vacinas foram furtadas do posto de saúde onde ela trabalhava. O marido dela era quem localizava empresas interessadas em vacinar os empregados. Também negociava quantidade, preço e data de entrega. No pacote, ele recebia enquanto a mulher formava as filas para vacinar. A delegada afirmou acreditar que o número de vacinas furtadas é maior que o denunciado pelo casal, autuado por dois crimes: peculato (apropriação, pelo funcionário público, de dinheiro, valor ou qualquer outro bem de que tem a posse em razão do cargo) e concussão (e exigir para si vantagem indevida). O furto e a extorsão, segundo o Código Penal (artigos 312,313 e 316) têm penas que variam de dois a 12 anos de prisão e multas.
Outros casos de furtos e venda de vacinas contra a febre amarela foram denunciados pela técnica de enfermagem à polícia. Num desses casos, relatou Avanilda, as vacinas teriam sido vendidas a 50 reais a dose por outros funcionários do Posto de Saúde da Família (PSF) onde trabalhava, no bairro do Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia (GO), a 20 quilômetros do centro da capital goiana. Segundo dados da Secretaria de Saúde de Goiás, nove pessoas já morreram vitimadas pela febre amarela e um total de 3 4 milhões de vacinas foram repassadas ao Estado, pelo Ministério da Saúde, desde o início do surto da febre amarela, no mês passado.