Único governante que já discursou nos dois fóruns mundiais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficará recolhido em janeiro de 2004. Não visitará o Fórum Social Mundial (FSM), em Mumbai, Índia, nem Davos, Suíça, onde ocorre o encontro anual dos capitalistas. Lula iniciará sua visita à Índia somente após encerrado o Fórum Social. Depois irá à Suíça, mas ficará em Genebra, sede das Nações Unidas, para um encontro com o secretário-geral, Kofi Annan. Pela primeira vez, os fóruns não serão simultâneos.

Fundadores e organizadores do Fórum Social afirmam que o governo brasileiro, por causa da projeção internacional de Lula, deve ser um dos temas de debates do encontro, que será realizado entre 16 e 21 de janeiro. ?O Fórum Social tem todos os matizes da esquerda, haverá todo o tipo de opinião e, como é foco de atenções, o governo deve receber críticas?, diz Francisco Witacker, representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e um dos organizadores do FSM.

Para Maria Luiza Mendonça, outra fundadora do FSM e diretora da Rede Social de Justiça, a expectativa que os intelectuais tinham sobre Lula começa a se transformar em perplexidade: ?O governo Lula não é um foco do Fórum Social Mundial, mas há uma posição crítica, que deve se refletir na Índia, já que o governo Lula não tem sinalizado contra o neoliberalismo. É evidente que houve mudanças no discurso. Afinal, Lula não representa mais uma parte do país, mas sim todos os brasileiros?, defende Cândido Grzybowski, do Comitê Internacional do FSM e diretor do Ibase.

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