O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou endurecer o tratamento dispensado aos servidores públicos federais em greve e descontar os dias parados. No início da semana, Lula chamou em seu gabinete o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ex-sindicalista, o presidente disse que o governo não negociará enquanto não houver retorno ao trabalho. "Ele me perguntou se estávamos cortando o ponto do pessoal do Ibama", afirmou Bernardo ao Estado. "Eu disse que vamos cortar, sim, e ele falou: `Olha lá, vou cobrar depois’".
A maioria das greves no serviço público já atinge um mês. Continuam de braços cruzados funcionários do Ibama, Ministério da Cultura, Incra, Datasus, Comissão Nacional de Energia Nuclear além de servidores administrativos de 43 universidades federais. A paralisação foi encerrada ontem somente no Banco Central, após 43 dias. Pelas contas da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Federal, filiada à CUT, o número de grevistas está agora na casa de 95 mil.
O ministro Paulo Bernardo comentou que, em algumas situações, o governo não consegue nem mesmo saber quais são as reais reivindicações dos grevistas. É o caso do Incra, que teria iniciado a paralisação no dia 21 de maio sem ter entregue a pauta ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.