Presidente faz acordo com Palocci, que continua no cargo

Ao menos por enquanto, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ficará onde está. Depois de um fim de semana de incertezas e de um início de semana tenso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Palocci começaram a um acordo. Em mais uma estratégia para se fortalecer, Palocci disse que seria melhor deixar o governo, mas Lula apelou para que ele permanecesse no cargo.

O ministro exigiu algumas condições para ficar e foi fechado um acordo entre os dois, que contemplou a questão do superávit primário – economia de gastos para pagamento dos juros da dívida.

Lula deu sinal verde para que, na prática, o superávit ficasse em torno de 4, 6% a 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB), embora a meta formal seja de 4,25%. É a repetição do resultado fiscal de 2004 e mais do que queria a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que tem feito duras críticas à ortodoxia da política econômica.

No depoimento de ontem à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, Palocci tinha semblante bem mais tranqüilo do que na última segunda-feira, quando apareceu carrancudo na cerimônia de sanção da chamada MP do Bem, que reduziu impostos para o setor exportador.

O clima de tensão entre Lula e Palocci chegou a tal ponto que o presidente teve de ligar para o ministro e pedir que ele comparecesse à solenidade no Planalto. Palocci não queria ir. No mesmo dia, antes do tête-à-tête com Lula, o ministro também não foi à reunião da Junta Orçamentária, alegando que não queria compactuar com uma "gastança".

Mais tarde, porém, os dois acertaram que não haverá abertura dos cofres por causa das eleições de 2006. Em conversas reservadas, Lula considerou ontem que Palocci se saiu "muito bem" no depoimento na Câmara.

Mais: no Planalto, a avaliação é de que a estratégia desencadeada pelo ministro para se fortalecer acabou dando resultado, uma vez que, ao invés de ser convocado, ele foi "convidado" a ir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, até o dia 10, para esclarecer denúncias de corrupção quando era prefeito de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

"Essa atitude de trocar a convocação pelo convite ajudou na mediação", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). "As coisas estão distensionando-se." O senador Tião Viana (PT-AC) foi na mesma linha: "Palocci não quer sair. Quer ser prestigiado."

O chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Jaques Wagner, foi destacado por Lula para reforçar a tropa de choque de Palocci no depoimento que prestou ontem à Comissão de Finanças. "O presidente está trabalhando para Palocci ficar", afirmou um dos auxiliares de Lula no Palácio do Planalto.

Num dos intervalos do depoimento, Palocci avistou o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), ex-colega no PT, e convidou-o para jantar. "Mas eu vou jantar com o ministro ou com o Toninho?", perguntou Chico Alencar, que é amigo de Palocci. "Com o ministro, espero", respondeu o titular da Fazenda.

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