Brasília – Numa reunião de mais de três horas com o chamado “núcleo do poder”, no Palácio do Planalto, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou dos ministros mais agilidade na liberação de recursos orçamentários e dos líderes governistas, maior defesa dos projetos do governo, especialmente as reformas. As cobranças foram feitas ao fim de uma semana em que a administração federal petista recebeu intensa pressão e exigências de aliados tradicionais. Lula queixou-se da “divulgação deficiente” das realizações da gestão, que teria deixado um espaço maior para críticas.
No encontro, batizado de “reunião de coordenação”, ele enumerou 13 ações importantes nos cinco meses no Poder Executivo que, no entender dele, poderiam ter obtido maior repercussão, se melhor divulgadas. Lula citou, por exemplo, a liberação de dinheiro para habitação e saneamento pela Caixa Econômica Federal (CEF); empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a diversos setores da economia; programas de turismo e pesca, e liberação de recursos à agricultura. Foi clara a orientação do presidente, segundo um dos presentes, quanto à necessidade de tornar ágil a autorização de verba, tanto orçamentárias quanto para programas já anunciados, mas que sofrem atrasos por causa da burocracia. Participaram da audiência com Lula os chefes da Casa Civil, José Dirceu, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, os ministros da Fazenda, Antônio Palocci Filho, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega, e os líderes do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Além do pedido de dedicação redobrada, os líderes da base aliada no Congresso saíram do encontro com a orientação de preparar a pauta de trabalhos para o período de convocação extraordinária, em julho. O presidente considerou que o Poder Executivo foi bem-sucedido no Legislativo nos primeiros testes de votação das mudanças, mas cobrou de novo “unidade e lealdade” dos governistas.