Presidente da Infraero deixa o cargo

O presidente da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero), Sérgio Gaudenzi, entregou no início da tarde de terça-feira (3) ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, a carta de demissão do cargo. Ele não concorda com o programa de privatização de aeroportos rentáveis, mas o ministro Jobim disse ao jornal O Estado de S. Paulo, no início da noite de ontem, que a concessão à iniciativa privada dos “aeroportos do Galeão, Viracopos (Campinas) e o futuro terceiro aeroporto de São Paulo” é “assunto vencido” no governo.

Para o lugar de Gaudenzi foi formalmente convidado Guilherme Lagger, atual superintendente da Rede Bahia, da família do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, que já integrou a direção da Vale e da companhia de bebidas AmBev. A indicação de Lagger, que ainda não deu resposta a Jobim, tem o dedo da direção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que está encarregada de estudar o modelo de privatização dos aeroportos.

Na carta de demissão, Gaudenzi apresenta as razões pelas quais não concorda com a privatização pontual de aeroportos e volta a defender a abertura do capital da Infraero como melhor solução para o setor. Essa solução é defendida pela maioria dos diretores da estatal – com a saída de Gaudenzi, todos podem deixar seus cargos. Gaudenzi não concorda com a venda dos aeroportos rentáveis, a começar por Galeão e Viracopos, duas das unidades entre as dez que realmente dão lucro – ao todo, a Infraero administra 68 aeroportos. Ao contribuinte, restaria o ônus de sustentar os que dão prejuízo por estarem em cidades de menor movimento aeroportuário.

Os estudos para a privatização de aeroportos estão sendo feitos em conjunto pelo BNDES e a presidente da Anac, Solange Paiva Vieira. A decisão de dar andamento à concessão levou em conta ainda as pressões do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que defende a venda do Galeão para a iniciativa privada. Militares também vêm manifestando preocupação em relação aos sete aeroportos que funcionam de forma compartilhada com bases aéreas – Rio, Guarulhos, Manaus, Fortaleza, Belém, Natal e Recife. Não há modelo semelhante no mundo para que se possa verificar se esse tipo de privatização é viável. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.