Presidente da CNBB se diz “perplexo” com corrupção

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dom Geraldo Lyrio Rocha, disse que a entidade acompanha com "perplexidade" e "apreensão" os últimos escândalos de corrupção que recentemente vieram à tona no País, envolvendo representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. "Nós os bispos acompanhamos com perplexidade e até apreensão esse momento que o País está vivendo", disse d. Geraldo Lyrio, ao assumir a arquidiocese de Mariana, em Minas Gerais, no final da noite de ontem.

As declarações do religioso foram na mesma linha de uma nota divulgada pelo Conselho Permanente da CNBB ontem. O comunicado afirma que "a corrupção e a impunidade estão levando o povo ao descrédito na ação política e nas instituições, enfraquecendo a democracia". Diz ainda que a "crise, decorrente da falta de consciência moral, é estimulada pela ganância e marcada pelos corporativismos históricos, que utilizam as estruturas de poder para benefício próprio e de grupos".

D. Geraldo Lyrio, porém, considerou "benéfico" para as instituições as denúncias e disse que espera que os fatos sejam apurados, garantindo o direito de defesa dos acusados. "E se, subtraíram algo que é patrimônio do próprio povo brasileiro isso possa ser restituído. O que não podemos é compactuar nem com a corrupção, nem com a impunidade".

Questionado sobre a situação envolvendo o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que sofre processo no Conselho de Ética – suspeito de ter contas pessoais pagas por um lobista da construtora Mendes Júnior -, o presidente da CNBB sugeriu que só cabe ao Parlamento decidir sobre o destino do presidente do Senado.

"Aí é uma questão que diz respeito às próprias instituições, que devem ter sua maneira de se autodefender e de se afirmar e de se preservar. Esse é um assunto que compete, no caso, ao Congresso Nacional, ou ao Senado".

Partido

Embora tenha dito que a Igreja "quer ter o seu espaço garantido para expor a todos os seus pontos de vista", D. Geraldo Lyrio sinalizou que a CNBB em sua gestão deve ser menos crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o primeiro mandato de Lula, a Conferência se notabilizou por contestações à política econômica e ao programa Bolsa Família, por exemplo. "A Igreja não é um partido político", destacou. "A posição da Igreja não é como quem ficasse fiscalizando o governo e nem é, muito menos, de se colocar como se fosse oposição ao governo".

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