Salvador – O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal-arcebispo de Salvador dom Geraldo Majella Agnelo, classificou como "uma tristeza" para todos os brasileiros a onda de corrupção atravessada pelo País. "Não pode haver uma pessoa em sã consciência que durma tranqüilo ao ver o que nós estamos assistindo – a corrupção em toda a parte, está boiando nas águas brasileiras", comentou ontem, antes de celebrar uma missa campal no centro histórico da capital baiana alusiva às comemorações de Corpus Christi.

continua após a publicidade

D. Geraldo se disse espantado "como é fácil corromper e ser corrompido e isso é muito sério para nós; como é que podemos pensar no dia de amanhã, ter confiança nas relações das pessoas e daqueles que estão na própria política?", questionou. "Os que deveriam dar o exemplo, infelizmente, deixam uma lição muito triste para os nossos contemporâneos", afirmou.

Na avaliação do presidente da CNBB, a principal motivação para a corrupção no Brasil é a impunidade. "Do que está sendo apontado aí, nada foi até agora punido; quem roubou, devolveu? Quem roubou deveria devolver até mais, o triplo daquilo que tirou." Perguntado se os últimos casos mancham o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu: "Mancha a todos nós". Ele disse que não está preocupado com a forma de como será investigado o caso dos Correios, que motivou uma intensa batalha do Planalto para barrar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). "Não vou dizer qual o modo que deve ser tratado, se por inquérito da Polícia Federal ou por CPI: aquilo que for mais eficiente e produzir efeito."

continua após a publicidade