Um reclamou da vaga na garagem, outro do ar-condicionado que não funcionava. No entra e sai do gabinete do novo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, as demandas dos vereadores (22 novatos) que tomaram posse no último domingo eram das mais variadas e Milton Leite (DEM) teve dia de síndico em sua estreia no comando do Legislativo paulistano. “Teve tudo o que você pode imaginar, até reclamação de que eu ainda não assinei nomeação dos assessores para publicar no Diário Oficial”, disse.

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Eleito no primeiro dia do ano com 50 dos 55 votos possíveis, Leite teve como trunfo na disputa com outros três candidatos o apoio do prefeito João Doria (PSDB). Cabo eleitoral do tucano na campanha eleitoral, o cacique da zona sul da capital quer agora replicar na Câmara a política de redução de gastos anunciada por Doria para a cidade, incluindo o corte de 15% nos valores dos contratos vigentes.

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“Quero fazer uma ampla reforma administrativa, em todos os aspectos, para reduzir custos. Vamos enxugar a estrutura da Casa, analisar as necessidades de cargos e renegociar os contratos com fornecedores e prestadores de serviço para reduzir os valores em pelo menos 15%”, disse Leite, que já anunciou que fará um Plano de Demissão Voluntária (PDV) de servidores.

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Com orçamento anual de R$ 620 milhões, a Câmara tem atualmente cerca de 2 mil funcionários, dos quais metade ocupa cargo comissionado (sem concurso público) nos gabinetes de vereadores e lideranças partidárias. Até o ano passado, mais de cem servidores recebiam os chamados supersalários, que extrapolam o teto do funcionalismo municipal, de R$ 24,1 mil, que corresponde ao salário do prefeito. Leite disse que irá avaliar caso a caso.

Apesar do discurso de austeridade, o novo presidente da Câmara votou a favor do aumento salarial de 26,3% para os parlamentares, aprovado na véspera do Natal, e disse que a Câmara vai recorrer da liminar da Justiça que suspendeu o reajuste de R$ 15 mil para R$ 18,9 mil. “O meu exemplo eu já dei. Já renunciei ao meu aumento e economizei mais de R$ 200 mil da minha verba de gabinete. Agora, o projeto é legal, e o vereador que quiser tem direito ao reajuste, que é apenas a correção inflacionaria desses quatro anos de congelamento”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.