Presidente aumenta tom nacionalista

 Foto: Agência Brasil

Lula: falo muito mal o português.

Rio – Ao criticar a ?subserviência? de governos passados em negociações internacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva brincou, em discurso proferido ontem, com seus próprios erros de português.

?Me lembro da primeira vez que fui ao G8 e cumprimentei todo mundo. Como vocês sabem, não falo nenhuma língua, falo muito mal o português, tinha um intérprete atrás de mim?, afirmou o presidente, para depois emendar que, após a chegada de um líder mundial, não se levantou para cumprimentá-lo, como fizeram os outros presentes. ?Ninguém se levantou quando eu cheguei, também não me levanto.?

Lula participou da solenidade de assinatura dos contratos para a construção de nove navios petroleiros pelo estaleiro Rio Naval, localizado no Caju, zona norte do Rio. O presidente fez um longo discurso de tom nacionalista, defendendo o uso social da Petrobras, criticando as privatizações e acusando seus antecessores de não terem coragem para reduzir a dependência com relação aos países desenvolvidos. E usou a indústria naval, desmantelada durante os anos 90s, como exemplo: quase três anos após seu lançamento, o governo conseguiu finalmente contratar a construção de 26 petroleiros no Brasil.

?Não é possível que os homens que dirigiram este país não percebam que um país que teve competência para construir a Embraer, que teve competência para construir a CSN ou para fazer um combustível renovável como o álcool, não tenha condições de ter uma indústria naval competitiva?, afirmou. A Transpetro ainda aguarda negociações com o BNDES para assinar os contratos de sete embarcações pelos estaleiros Mauá Jurong, no Rio, e Itajaí, em Santa Catarina. Depois disso, a empresa pretende licitar outros 18 navios, sendo que dois são grandes petroleiros de 320 mil toneladas de porte bruto.

Segundo o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, os navios da primeira etapa ficarão 1% mais caros do que no mercado internacional. Em seu discurso, Lula defendeu a contratação de embarcações no Brasil, mesmo que sejam mais caras. ?Pensar apenas no lado econômico, em função do resultado da empresa, é muito pequeno. No meio disso, há famílias que precisam trabalhar, pagar impostos. Pode ficar mais barato para a empresa, mas fica mais caro para o Brasil.?

E depois avisou: a Petrobras terá de seguir as políticas do governo. ?Com todo o respeito de anos em que conheço o presidente (José Sérgio Gabrielli), que hoje comanda a Petrobras: se ele me dissesse que discorda dessa estratégia do governo, ou que pretendia construir (os navios) lá fora, eu iria pedir que ele se despedisse de mim imediatamente e deixasse o cargo?, disse o presidente, se dirigindo diretamente a Gabrielli, que estava ao seu lado no palanque do evento e já havia defendido, em seu discurso, o apoio à indústria naval brasileira. ?A Petrobras é controlada pelo governo e tem que se enquadrar.?

De volta a Brasília, à noite, o presidente Lula participou de um jantar com toda a cúpula do PMDB. Estiveram presentes deputados, senadores, dos sete governadores, ministros do partido, dos presidentes dos diretórios estaduais e dos dirigentes do partido. 

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