A Presidência da República já está preparando o formato do encontro que o presidente Fernando Henrique Cardoso terá com o seu sucessor no dia 29. A expectativa é de que o encontro seja realizado no Planalto, a exemplo do que aconteceu com a reunião com os presidenciáveis, em agosto.

Só não será dia 29 se o presidente eleito tiver problemas de agenda, embora há no Palácio a convicção de que o sucessor de Fernando Henrique não terá interesse em protelar este ato histórico.

Em um sinal de que já se convenceram de que não há mais probabilidade de reverter a situação em favor do governista José Serra, interlocutores do presidente já comentam que o deputado José Dirceu (PT-SP) será o principal interlocutor entre o Planalto e Luiz Inácio Lula da Silva, se ele vencer a eleição de domingo (27), nesta etapa inicial da transição. Dirceu já conversou e se encontrou com Fernando Henrique pelo menos quatro vezes, durante a campanha do segundo turno.

No dia da eleição, ao contrário do que fez no primeiro turno, Fernando Henrique viajará de São Paulo para Brasília assim que votar. Mas, antes de deixar a capital paulista, o presidente não deixará de falar à imprensa sobre a importância do momento político que vive o Brasil para a consolidação do processo democrático.

Este será, também, o tom do pronunciamento que Fernando Henrique pretende fazer, na segunda-feira (28), depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lhe garantir que os números são irreversíveis. O Planalto está descartando a possibilidade de o presidente falar no domingo à noite.

Hoje, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Euclides Scalco, confirmou a reunião de Fernando Henrique com seu sucessor dia 29, comentando que deverá ser uma conversa apenas entre os dois.

Segundo Scalco, no discurso que fará no dia seguinte às eleições, o presidente certamente vai reforçar o que tem dito nos últimos dias, que vai entregar o País com instituições fortes e que a transição será a consolidação do processo democrático.

O ministro não acredita que possa haver qualquer tipo de problema durante o processo de transição, porque há normas estabelecidas que terão de ser cumpridas. Indagado se o Palácio não temia que houvesse resistência por parte de funcionários de segundo ou terceiro escalão em passar informações para o futuro governo, o ministro disse que não acredita que isso possa acontecer.

“Segundo e terceiro escalão são funcionários de Estado e não do governo. Ninguém vai haver resistência para passar informação, mesmo porque há uma regra estabelecida a ser cumprida”, avisou o ministro.

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