A festa promovida pelas presas da Penitenciária Feminina de Sant’Ana, na zona norte de São Paulo, em comemoração ao aniversário de 22 anos do Primeiro Comando da Capital (PCC), ocupou todo um pavilhão e foi regada a cocaína, servida em bandejas, maconha e cachaça. A reportagem teve acesso ao vídeo de parte da festa, que aconteceu na semana passada. A detenta Cândida Maria Santana Bispo é quem aparece organizando as participantes para usarem os entorpecentes. Ela foi presa em 2009, acusada de participar de um plano da facção criminosa para resgatar presos da Penitenciária de Avaré, no interior de São Paulo.

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No vídeo, Cândida diz às demais prisioneiras que a cachaça será servida primeiro e, depois, os cigarros de maconha. “Cada baseado é para três fumar.”

Enquanto isso, outras presas preparam carreiras de cocaína em várias bandejas. Em uma delas, elas escrevem “PCC 1533, 22 anos” com a droga. Depois, uma grande fila é organizada. Cada presa pode cheirar uma carreira de cocaína.

Todas as participantes da festa estão fora das celas. Algumas aparecem com celulares. Durante o evento, elas cantam “parabéns” à facção e encerram gritando “É o 15! É o 15!”. O número representa a letra “P”, enquanto a letra “C” equivale ao número 3. Por isso, também usam a sigla 1533.

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Providências

A divulgação da festa das detentas em homenagem ao PCC provocou reações das autoridades. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) anunciou que o juiz-corregedor dos presídios, Ulysses de Oliveira Gonçalves Junior, determinou a abertura de sindicância para acompanhar as apurações da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). O magistrado também pediu a identificação das presas que aparecem no vídeo e a adoção das medidas disciplinares cabíveis, como a perda de benefícios previstos na Lei de Execuções Penais, como redução de pena e regimes mais brandos.

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Gonçalves Junior quer saber também como as presas conseguiram celulares e drogas para a festa. A Corregedoria dos Presídios também vai acompanhar a apuração das responsabilidades funcionais dos dirigentes prisionais.

À reportagem, o juiz disse que ficou “estarrecido” com as imagens. O Ministério Público instaurou duas investigações para apurar o caso. A primeira vai tramitar na Promotoria de Execuções Criminais e vai tentar identificar as presas que participaram da festa para regressão de regime de cumprimento de pena ou interrupção de contagem do prazo para futura concessão do benefício de progressão. Já os promotores do Patrimônio Público vão apurar quem foram os funcionários que permitiram a entrada de drogas na penitenciária.

A Secretaria de Administração Penitenciária informou que o caso está sendo investigado pela corregedoria da pasta. Em nota, ela disse que “assim que tomou conhecimento da gravação realizada na Penitenciária Feminina de Sant’Ana, determinou a imediata exoneração do diretor de segurança da unidade e seus substitutos, a revista em todas as dependências da penitenciária e a transferência das internas identificadas nas imagens”. Ao todo, três diretores foram exonerados dos cargos. Outros funcionários do presídio são investigados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.