Presa a maior cafetina do País

São Paulo – A Polícia Federal cumpriu ontem sete mandados de prisão e 17 de busca e apreensão na operação ?Afrodite?, cujo objetivo era desarticular quadrilha de tráfico internacional de mulheres. Entre os detidos está a artista plástica Jiselda Aparecida de Oliveira, a ?Gigi?, considerada a maior cafetina do País, com 30 anos no ramo, segundo a PF. Gigi foi presa na Rua Amaral Gurgel, região central de São Paulo e seria proprietária de agência de modelos, que na verdade oferecia mulheres de programa. Também foram presos Rogério Aparecido Rodrigues, Walisbalde José dos Santos, Raimundo Marcos Pereira, Glauber Gonçalves Santos, Elisângela Olímpio dos Santos e Claudinei Luz.

Um book com cerca de mil fotos de garotas de programa foi apreendido. Tanto tempo no ramo rendeu-lhe fama e, junto, um ?cardápio? repleto de atrizes, modelos e personalidades que vivem em capas de revistas e estão em destaque na mídia. Meninas que valem de R$ 500 a R$ 70 mil por noite, ?vendidas? a políticos, empresários, jogadores de futebol e até autoridades internacionais.

Provas

Além dos books das garotas, Jiselda fazia também o cadastro de seus clientes. Tudo está em poder da PF, que investiga a rede de tráfico de seres humanos. Os federais não descartam a possibilidade de intimar clientes e garotas para depor a fim de comprovar a prática de exploração da prostituição.

Os depoimentos seriam apenas mais um indício, pois, segundo o delegado Flávio Luiz Trivella, já há prova robusta contra o esquema.

Em seis meses de investigação, os policiais gravaram centenas de conversas e de e-mails trocados com os cabeças do esquema. Para completar a prova, os investigadores apreenderam computadores, CDs, documentos e agendas nas casas e escritórios de cafetinas e cafetões de luxo.

Preço varia conforme o cliente

A Polícia Federal conta que ?Gigi? tinha vários meios de oferecer suas garotas aos clientes, mas o mais usado era o e-mail. Ela mandava o álbum de seu time conforme o pedido do cliente. O preço de algumas meninas – a maioria entre 18 e 25 anos, mas há indícios de ter menores -variava com o poder aquisitivo do cliente e a exposição da garota na mídia.

Os cafetões mantinham muitos contatos na Europa -principalmente Portugal, Espanha, Moscou e Ibiza – e nos Estados Unidos. Wallace Lamim, um dos cerca de 100 policiais que participaram da operação, disse que o pacote de 15 dias para a Europa custava 500 por dia, podendo chegar a 1,5 mil. ?Os valores são acima da média.?

Gigi aliciava as garotas que saíam em revistas masculinas. Ela entrava em contato com os empresários da garota e pedia entrevista. Oferecia, então, o trabalho. Gigi atualizava o ?time de garotas? mensalmente. Trivella disse que a cafetina lucrava entre 30% a 50% por programa. Uma garota que já foi capa de uma dessas revistas viajou para a península Arábica. Ganhou 5 mil por dia para ficar num barco com várias outras meninas e sheiks árabes.

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