Prejuízos da crise nos EUA equivalem a quase dois terços da economia no Brasil

Brasília – A crise imobiliária nos Estados Unidos consumiu o equivalente a quase dois terços da economia brasileira, revelou o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em relatório divulgado nesta terça-feira (8), a instituição informa que desde agosto do ano passado, quando teve início a turbulência no mercado financeiro internacional, as perdas somam US$ 945 bilhões.

Esse valor representa 63% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acumulado em 12 meses que, segundo o Banco Central, soma R$ 2,6 trilhões (US$ 1,5 trilhão). De acordo o FMI, os prejuízos não estão concentrados apenas nas instituições financeiras e a crise se espalha para outros ramos da economia, por causa das restrições de crédito para as empresas e os consumidores.

"A crise ultrapassou as fronteiras do mercado americano de subprime [créditos de alto risco vinculados a imóveis] para tocar concretamente os principais mercados imobiliários, o crédito do consumo e o crédito das empresas", explicou o FMI no documento, que analisa a estabilidade financeira no mundo a cada semestre.

Segundo o FMI, somente as operações hipotecárias nos Estados Unidos registraram perda de US$ 565 bilhões. Na compra e venda de imóveis, o prejuízo soma US$ 240 bilhões.

Após o início da crise imobiliária, as instituições financeiras passaram a ser mais cautelosas na concessão de crédito, o que provoca retração na atividade econômica. O relatório informa que os empréstimos às empresas tiveram prejuízos de US$ 120 bilhões e para os consumidores, o impacto foi de US$ 20 bilhões.

As estimativas foram elaboradas com base no valor dos ativos de bancos, companhias de seguros, fundos de aposentadoria e de investimento de risco. O FMI realizou o levantamento em março, durante o período de maior turbulência, quando o Banco Bear Sterns, o quinto maior dos Estados Unidos, teve de ser vendido para não quebrar.

Na avaliação do Fundo, a crise nos Estados Unidos é a maior desde a quebra no sistema bancário japonês, que em 1991 consumiu US$ 750 bilhões. "Se colocarmos em uma perspectiva histórica, essa crise, expressa em dólares, é de uma amplitude comparável à crise bancária japonesa dos anos 90", constata o documento.

O relatório não aponta perspectivas animadoras para o fim da instabilidade nos mercados internacionais: "Os mercados financeiros permanecem sob tensão considerável, aguçada agora pela piora das condições macroeconômicas, pela capitalização deficiente das instituições e por uma desestabilização generalizada."

Por causa da crise, na semana passada o FMI reduziu de 4,1% para 3,7% a previsão de crescimento para a economia mundial neste ano. A estimativa para o crescimento dos Estados Unidos em 2008 caiu de 1,5% para 0,5%.

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