No ano em que o petróleo ultrapassou a marca dos US$ 145,00 por barril, os preços das passagens aéreas no mercado doméstico foram reajustados em 36,15%. O reajuste feito pelas companhias aéreas no ano passado coloca o preço das tarifas em um patamar próximo ao praticados em 2005 e 2006, anos de lucros astronômicos para Gol e TAM. Entretanto, a recuperação das tarifas está longe de fazer o balanço das companhias recuperar o brilho pré-apagão aéreo. Enquanto em 2005 e 2006 as duas juntas lucraram R$ 611 milhões e R$ 1,2 bilhão respectivamente, só no período de janeiro a setembro de 2008 o prejuízo somado é de quase R$ 760 milhões (R$ 53,9 milhões da TAM e R$ 705,5 milhões da Gol).

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“As companhias estão tentando recuperar o tempo perdido”, afirma o analista de aviação da corretora Raymond James, Eduardo Puzziello. Contudo, com as perspectivas de queda na demanda por causa da crise e aumento de competição no setor – com entrada da Azul e fortalecimento da WebJet -, Puzziello acredita que as tarifas devem parar de subir em 2009, e poderão até sofrer uma pequena retração.

“Vamos passar por um período de grandes promoções depois do carnaval e os preços devem ficar pressionados ao longo do ano.” Na opinião do analista, o recuo do preço do petróleo – que chegou a quase US$ 150 e caiu para o nível de US$ 40 o barril – pode dar uma margem para as companhias reduzirem as tarifas. “Ainda que a alta do dólar ofusque parte do ganho com a queda do petróleo, elas têm mais condição de suportar uma pequena queda do yield (o preço médio pago por passageiro por quilômetro voado)”, afirma Puzziello.

Tarifa média

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Levantamento feito pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) com as tarifas de 67 rotas em todo o País desde 2002, mostra que, no ano passado, o yield está apenas 2% abaixo do registrado em 2002. De janeiro a novembro de 2008, o yield ficou em R$ 0,61, contra R$ 0,63 em 2002. Na comparação com 2007, contudo, a recuperação é de 36,15%. No entanto, 2007 foi o ano em que se registrou o menor yield da década: R$ 0,45.

A queda das tarifas em 2007 (recuo de 28,1% ante 2006) não se deveu a um ambiente competitivo – esse foi o ano em que a Gol comprou a Varig -, mas ao caos aéreo, que afugentou os passageiros. Para atraí-los, as companhias tiveram de recorrer a promoções agressivas. “Em 2007 tivemos um concorrente a menos, com a compra da Varig pela Gol, e mesmo assim os preços caíram”, pondera o analista da Raymond James.

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Entretanto, o movimento de redução de concorrência e aumento de preços foi registrado em 2003. Com o fim da Transbrasil e o acordo de compartilhamento de voos da TAM com a Varig, as tarifas tiveram um aumento de 16,68% (R$ 0,73) em relação a 2002. De 2005 para 2006, enquanto o lucro da TAM e da Gol dobrou, o yield recuou apenas 5,74%, de R$ 0,66 para R$ 0,63.