Revitalização

Praias famosas de SC, coladas no Paraná, devem ser “engordadas”

Engorda na faixa de areia das praias do litoral norte de Santa Catarina. Foto: Diego Mansur / Prefeitura de Itapoá

A licitação das obras de dragagem do canal de acesso aos portos de São Francisco do Sul e de Itapoá, na Baía da Babitonga, deve ser lançada neste mês de março. A expectativa é que os trabalhos comecem durante este primeiro semestre e tenham duração de 10 meses. A proposta é usar sedimentos retirados com a dragagem para a recuperação de ao menos três praias da região sul de Itapoá, no litoral norte de Santa Catarina.

A dragagem vai aumentar a profundidade do canal externo de acesso aos dois portos, de 14 metros para 16 metros, permitindo a navegação de embarcações de até 366 metros de comprimento. A obra tem recursos oriundos de uma parceria público-privada (PPP), com custo de R$ 324 milhões. Será a primeira vez no Brasil que a dragagem portuária será utilizada para a recuperação de praias.

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O porto público de São Francisco do Sul vai aportar R$ 24 milhões e o terminal privado de Itapoá vai investir R$ 300 milhões, valor que deve ser retornado por descontos nas tarifas portuárias ao longo de 12 anos. “Este contrato de parceria deve ser assinado em março. Importante ressaltar que a devolução do investimento (para o porto) de Itapoá será em cima das tarifas geradas pela entrada dos navios maiores, que hoje não atracam por falta de profundidade”, explica o presidente do porto de São Francisco do Sul, Cleverton Vieira.

Em junho do ano passado, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), assinou o protocolo de intenções para viabilizar o modelo de financiamento para a obra. “São grandes obras: o aprofundamento e alargamento do canal de acesso da Baía da Babitonga e o alargamento de praias de Itapoá”, destacou ele então.

A primeira etapa dos trabalhos é a suavização da curva do canal, com a ideia de melhorar a segurança da navegação. Em seguida será feito alargamento e um realinhamento ao trecho inicial, executando o aprofundamento para 16 metros. Enquanto é feita a dragagem, os sedimentos já serão depositados para o alargamento das praias, que devem ficar com 40 a 60 metros de faixa de areia.

Alargamento de praias em Itapoá depende do tipo de sedimento a ser encontrado

Depois da assinatura do contrato de parceria entre os dois portos, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) deve ser comunicada, para que no final de março seja publicado o edital para a escolha da empresa que executará os trabalhos. O material retirado do mar será usado para o alargamento da faixa de areia das praias da Baía da Babitonga, da Figueira e do Pontal, todas na região do porto de Itapoá.

Serão 15 milhões de metros cúbicos, mas a utilização depende do tipo de sedimento que for encontrado, pois existe a possibilidade de que nem todo o material retirado seja utilizável, o que pode reduzir a extensão do alargamento. Essa será a primeira vez no Brasil que a dragagem portuária será utilizada para a recuperação de praias.

“Com o alargamento na praia haverá́ mais areia e, consequentemente, mais espaço para atividades como banho de sol, esportes aquáticos, caminhadas e outras formas de lazer, atraindo um público mais amplo. Melhorias na infraestrutura tornam a praia mais atrativa para moradores e visitantes”, aponta o prefeito de Itapoá, Jefinho Garcia (MDB).

Itapoá possui a maior extensão de litoral de Santa Catarina, com 32 quilômetros de praias. A erosão em alguns balneários impede atividades na orla. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da obra de dragagem do canal da baía identificou que as atividades praticadas ao longo do tempo pelos portos contribuíram para a erosão costeira em Itapoá.

Como mitigação, o alargamento foi inserido no mesmo licenciamento da dragagem, que também deve reconstituir as dunas frontais e plantio de restinga. Outros pontos com ampla erosão no litoral de Itapoá também devem ser recuperados, mas com iniciativa municipal.

O objetivo é atender primeiramente os balneários Brasília e Cambiju, na área central do município. “As áreas próximas à praia alargada tendem a valorizar, o que pode impulsionar o mercado imobiliário local. O aumento do fluxo de turistas gera mais demanda por serviços e produtos, como hospedagem, alimentação e comércio, impulsionando a economia local”, aponta o prefeito de Itapoá.

Volume projetado para alargamento da praia em Itapoá estará entre os maiores do país

Com o resultado das obras do canal externo dos portos, Itapoá vai ganhar destaque nacional na prática de alargamento de praias. A faixa de areia da praia central de Balneário Camboriú recebeu 2,2 milhões de metros cúbicos de sedimentos. A obra, concluída no final de 2021, ampliou a orla da praia de 25 para 70 metros de largura. Foram investidos R$ 90 milhões.

Em Matinhos, no Paraná, foram depositados 3 milhões de metros cúbicos de areia. O alargamento foi realizado entre o canal da Avenida Paraná e o Balneário Flórida. Toda a orla foi revitalizada o investimento foi de R$ 314,9 milhões.

O município do norte de Santa Catarina entrará para a história não apenas pela inovação em usar sedimentos do aprofundamento de um canal portuário, mas também pelo volume de areia, 15 milhões de metros cúbicos.

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Itapoá lidera o crescimento populacional em Santa Catarina, com 247,84% de aumento em 22 anos. A cidade conta com população de 34.546 pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2024. Entre o começo de dezembro e final de fevereiro, na alta temporada, o município recebe mais de 1 milhão de pessoas.

Portos da região batem recordes

Além de contribuir com a revitalização das praias do município, os dois portos da região favorecem o crescimento econômico. Em 2024, o porto de São Francisco do Sul movimentou 17 milhões de toneladas de mercadorias, o maior volume desde a sua inauguração, há 70 anos. O terminal é responsável por 3.924 postos de trabalho, sendo 275 colabores diretos.

Já o porto de Itapoá registrou a marca de 14 milhões de toneladas, crescimento de 19% em relação a 2023. Em janeiro de 2025, o terminal bateu um recorde de movimentação mensal, com 71.572 toneladas de cargas. O porto também bateu recorde de atracação de navios, com 63 embarcações operadas ao longo do mês. O terminal emprega pouco mais de 1,7 mil colabores diretos e mais de 7 mil indiretos, sendo o maior empregador do município.

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