Os presidentes do PPS, deputado Roberto Freire (PE) e do PDT, Carlos Luppi, anunciaram, em entrevista coletiva na Câmara, a articulação de um projeto alternativo tanto ao governo Lula quanto ao PSDB. Ele terá como núcleo a junção das propostas "Brasil trabalhista", discutida durante um ano pelo PDT, e "Sem mudança não há esperança", elaborada pelo PPS.
Segundo Freire, a sociedade brasileira está buscando essa opção transformadora, "até porque não vai cair no reducionismo equivocado, tão do agrado da elite", que, conforme explicou, dá como "fatalidade" o Brasil ter de escolher entre Lula e o PSDB. "Isso é algo muito pobre para a rica realidade brasileira. Os dois (o governo Lula e o PSDB) são faces de uma mesma moeda, têm uma mesma política econômica e quase a mesma cultura de pensamento econômico", analisou Freire. O deputado disse que não dá para saber qual dos dois governos foi mais atrasado em termos de políticas públicas sociais. Quanto ao crescimento econômico, que vem sendo comemorado pelo Palácio do Planalto, Freire atacou: "Se crescimento econômico significasse apoio (político), não teríamos combatido a ditaduta militar, que apresentou crescimento do PIB duas vezes o conseguido pelo governo Lula, mas concentrou renda, tal como está fazendo Lula. Essa cantilena tem que acabar. Se não aceitamos o que a ditadura fazia, não vamos aceitar que Lula faça (o mesmo)".
Bancos
Quem cresce no país, continuou Freire, são os lucros dos bancos. Em toda a história republicana, lembrou, foi nos governos tucano e petista que as instituições financeiras nacionais e internacionais bateram os maiores recordes de lucros. Freire e Luppi repudiaram, também, o comportamento do Palácio do Planalto na relação com os partido políticos.
Na opinião de Freire, "em vez de ter atitude anti-republicana de se imiscuir dentro dos partidos, deveria ver que alguns partidos respeitam a democracia e a República". O deputado explicou que se o PPS ficasse, ao mesmo tempo, apoiando o governo e construindo uma alternativa a ele não estaria sendo honesto com o Planalto nem com a sociedade.
Freire adiantou que há muitos setores da esquerda democrática descontentes com o governo petista. Uma convenção de esquerda, proposta pelo senador Cristovam Buarque (PT-DF), será uma oportunidade de reuni-la, avaliou.
