Brasília – Após dois anos de sucessivas crises, o casamento político entre o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, e o presidente de seu partido, o PPS, deputado Roberto Freire (PE), está irremediavelmente desfeito, com um divórcio nada amigável. A decisão do ministro de permanecer no governo, mesmo após o ultimato feito pela executiva nacional para que os filiados entregassem os cargos na administração federal, pôs, segundo Freire, um ponto-final na passagem de Ciro pelo partido, marcada por duas candidaturas à sucessão presidencial.

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O deputado pernambucano acusa o ministro de ser totalmente submisso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e não economiza críticas ao governo que ajudou a eleger, no segundo turno, nas eleições de 2002. Desde que optou por permanecer no cargo, a despeito da decisão da cúpula partidária, Ciro, que é vice-presidente do PPS, está impedido de participar de reuniões do diretório e da executiva do partido, assim como de falar em nome da legenda.

"Ciro pensa que isso aqui (PPS) é o quê? A casa da mãe Joana? Que vai continuar no partido e que o PPS vai continuar no governo? Não, o PPS tem toda uma história e quer ser digno dela", protesta. E acrescenta: "É o fim da história (dele com o partido)", diz Freire. Político com 40 anos de militância partidária, o presidente nacional do PPS considera o governo Lula uma "continuidade piorada" da gestão Fernando Henrique, por ter intensificado o fisiologismo na relação com o Legislativo e não ter inovado nas áreas econômica e social. "A única coisa do governo (Lula) que funciona é aquilo que merece a nossa maior crítica: a política macroeconômica. O resto é uma inoperância total", provoca.

Na avaliação de Freire, os petistas encerram, de maneira melancólica, um ciclo caracterizado pela passagem de todas as forças políticas pós-redemocratização: o PMDB, com Itamar Franco, o PSDB, com Fernando Henrique e o PT, com Lula.

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